Companheiros e companheiras,
Na edição número 191 do Jornal A Nova Democracia, o professor Fausto Arruda afirmou em artigo primoroso, intitulado A agonia do capitalismo burocrático que:
Estamos em total acordo com a análise realizada pelo professor Fausto Arruda. Vemos se acirrar, em plena luz do dia, o que as classes dominantes locais não conseguem mais esconder: a divisão profunda e crescente entre os seus diferentes grupos de poder, tendo como base a crise econômica do capitalismo burocrático, não possui perspectiva de estabilização política ou recuperação econômica a curto e médio prazos. Não conseguem mais dominar como antes, até porque, as massas também não aceitam mais seguir sendo exploradas como antes.
O imperialismo se preocupa e tenta manejar com esta situação, buscando impor uma “faxina” na casa, com a Lava Jato e outras operações “anticorrupção”, que dê nova roupagem ao velho Estado, uma fachada de renovação, uma reestruturação burguesa. Neste cenário, figuras como Dória, representando o que os analistas do imperialismo têm chamado de “nova classe política” se destacam com grande apoio dos monopólios de imprensa, além dos próprios autoproclamados “vestais da moral e da ética”, representantes do judiciário corrupto e antipovo, que também se apresentam como alternativas do velho Estado para gerir os expúrios negócios da burguesia e do latifúndio em nosso país, a serviço do imperialismo.
Enquanto esta disputa entre os “três poderes” e seus diferentes grupos de poder se desenvolve, Temer busca desesperadamente não cair da trêmula pinguela no lamaçal e mostrar serviço pro imperialismo como peça ainda dentro no jogo. Na reunião G20, enquanto os maiores criminosos do planeta se reuniam e em meio a protestos antiimperialistas radicalizados de milhares de manifestantes de toda a Europa, Temer afirmou o disparate de que não há crise econômica no Brasil, e que “basta ver os dados” (mas, quais?) da economia para perceber isto. Disse estar “tranquilíssimo” quanto a crise política do país, seguindo a linha de seu patrão Donald Trump, de afirmar mentiras como se fossem verdades, o que denominam pomposamente de “pós-verdades” (na qual não importa se o que se diz corresponde com a realidade, mas apenas se possui eficácia no convencimento dos outros). De todo modo, preferiu não pagar pra ver se sua linguagem tinha sido de fato eficaz e voltou mais cedo ao Brasil, apressado e com medo de perder o trono pra Rodrigo Maia, presidente da Câmara.
Seguindo as ordens dos ianques, apressou a aprovação da famigerada reforma trabalhista em acordo com as rapozas velhas de sua “base aliada”, parte da qual já aponta pra debandada. No vale-tudo da política burguesa, o bandido Temer lançou mão do ‘troca-troca’ de senadores na comissão da famigerada reforma trabalhista, para garantir sua rápida aprovação; da compra descarada de deputados com aprovação de novas emendas parlamentares; e quiz fazer bonito pro agronegócio, impulsionando o programa de legalização da grilagem de terras. Sem falar no acordão com a “oposição” oportunista e bem comportada, que já enrolou as bandeiras do “Fora Temer” e na última Greve Geral, no dia 30 de junho, não fez mais que meros shows pra tentar enrolar suas bases com a balela de “ato político-cultural” – toda a semelhança com o Congresso da Une eleitoreira não é mera coincidência!
Porém, as classes dominantes enganam-se se pensam que terão “estabilidade” política com tais medidas. Nem do ponto de vista das classes dominantes, uma vez que o intuito do imperialismo neste campo é seguir a linha da “faxina”, muito menos do ponto de vista das massas, já que a aplicação destas contra-reformas trarão maior sangria, exploração e arrocho, consequentemente mais revolta popular.
A tão alardeada “volta do crescimento” econômico também é uma farsa. O imperialismo não se recuperou até hoje da crise que transbordou em 2008 nos EUA e que estourou na Europa nos anos seguintes. Medidas de “austeridade” foram impostas em diversos europeus, como Portugal, Espanha e Grécia, e quais foram suas consequências? Mais miséria para o povo, e mais lutas radicalizadas. A situação dos imigrantes segue agudizando as contradições entre o proletariado e a burguesia nos países imperialistas centrais da Europa, e também nos EUA o desemprego gigantesco intensifica a luta de classes. Mais guerras de rapina imperialistas foram intensificadas, em países como Iraque, Afeganistão, Síria, e mesmo aí os invasores não têm o que comemorar, diante da resistência das massas que não se dobra.
Diante deste cenário, não há perspectiva de recuperação econômica para os países dominados da América Latina e demais continentes, como um todo. As medidas de retirada de direitos, corte de verbas de setores sociais, privatização generalizada servirão para aumentar a remessa de lucros para o capital financeiro internacional, as “metrópoles” da atualidade, principalmente para o imperialismo ianque. Mas não consistirão em elevação das condições de vida de nosso povo, como o governo vem anunciando. Ao contrário, o cenário que se avizinha é de muito sofrimento para o povo e contra isto só resta uma coisa: organizar o povo para a Revolução!
Nem “reformas”, nem eleição!
Nesta situação de crise aguda, qual solução? Todos se perguntam hoje, é preciso mudar, mas como fazer? Qual o caminho?
Mais uma vez, o oportunismo eleitoreiro se apresenta para cumprir seu papel histórico de defesa do Estado burguês-latifundiário e tenta canalizar o sentimento de revolta e necessidade de mudança das massas para o velho e já conhecido caminho eleitoral. Apostam todas as suas fichas em 2018, buscando desviar as massas do caminho da luta, e se apresentando mais uma vez como voluntários do imperialismo para tentar dar sobrevida ao capitalismo burocrático no Brasil.
Assim, a falsa polarização entre grupos de poder e frações das classes dominantes, ou entre “PT-PSDB/PMDB”, tão propagada pelos monopólios de imprensa, não são mais que expressão destas disputas intestinas do mesmo organismo podre. Porém, as massas cada vez mais não se iludem! O gerenciamento do oportunismo no centro do velho Estado encerrou um ciclo da luta de classes em nosso país e todas as siglas do partido único, os ditos “representantes” do povo das diversas siglas eleitorais, já passaram pela gerência do país e não fizeram mais que reforçar seu caráter semicolonial e semifeudal.
Em todas as gerências de PSDB, PT e PMDB o latifúndio foi o fiel balança e escudeiro do velho Estado. Como exemplo disto, basta destacar o papel que Kátia Abreu cumpriu na defesa do governo de Dilma Rousseff e agora o que Blairo Maggi cumpre com Temer. O acordão de Temer com latifúndio ficou claro com o recente impulso da legalização da grilagem de terras, anunciado no início de julho, como forma de tentar manter o apoio político desta claque ao seu governo em frangalhos.
É bom lembrar que esta política do latifúndio foi iniciada nas gerências Lula-Dilma, o que é mais uma mostra do quanto todas as frações e silgas do partido único servem às classes mais reacionárias do país. Sob a consígna oportunista de “desenvolvimentismo popular”, os governos do PT reeditaram as teses desenvolvimentistas da CEPAL, às quais ganharam aderência da maioria das organizações e partidos ditos marxistas nos anos 60 e 70, na América Latina. Como afirmou o professor Fausto Arruda, “Sem questionar a aliança da grande burguesia compradora-burocrática com o latifúndio, atados com o imperialismo, elas [as teses da Cepal e as organizações que as defendiam] serviam a sua conservação.”
Assim, está claro que tanto as contra-reformas privatistas, iniciadas nos últimos anos e impostas agora pelo atual governo, quanto o chamado caminho “desenvolvimentista” burguês-latifundiário, defendido por diferentes partidos revisionistas, não apontam solução alguma para o povo brasileiro, apenas reforçam o domínio e saqueio imperialista de nossa nação e a exploração de nosso povo.
O que significou o revezamento de todas as siglas do Partido Único na gerência do velho Estado nestas três últimas décadas pós-“redemocratização”, senão a demonstração cabal de que todos eles, sem exceção alguma, nao só aceitou como serviu e buscou fortalecer esta santa aliança reacionária dos exploradores de nosso povo?
Em 2013, a resposta da juventude combatente foi clara: são todos exploradores do povo! De lá pra cá, arpofunda-se e amplia-se a luta combativa das massas, a radicalização dos protestos, a justa revolta popular!
Agudiza-se, assim, em toda a sociedade, a luta entre os dois caminhos para o povo brasileiro: o burocrático, semicolonial e semifeudal, que as eleições burguesas ajudam a legitimar X o caminho democrático, revolucionário, antifeudal e antiimperialista da Revolução Democrática!
Nesta disputa as massas vão se definindo cada vez mais, impulsionando parte por parte suas lutas. Basta ver o avanço das tomadas e retomadas de terras por camponesas e indígenas, os crescentes protestos combativos das massas nas cidades, o acachapante boicote às eleições farsantes no último ano. Os estudantes têm tomando posição de classe em todo o país. Tudo isto demonstra o que já afirmamos: as classes dominadas não aceitam mais seguir sendo exploradas! O povo se organiza e se levanta para a Revolução!