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Realismo Socialista: A Revolução de Outubro nas Artes

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Quadro de Stalin

A Grande Revolução Socialista de Outubro revolucionou não apenas a economia política e a organização social russa. Também no âmbito da cultura deu-se um grande salto no desenvolvimento humano, registrando-se uma forma inédita de expressar a sociedade através das artes: o Realismo Socialista.
    Com a Revolução de Outubro, centenas de milhares de poetas, escultores, músicos, arquitetos e ainda outros artistas passaram a tomar parte na construção socialista, criando uma forma de arte combativa, retratando a realidade a partir da posição de classe do proletariado, da população trabalhadora e dos intelectuais aliados a ela e defensores do socialismo.
    Diversos artistas se tornaram mundialmente famosos produzindo trabalhos em resposta às exigências das massas, lutando por incrementarem seu nível cultural, se apresentando de maneira intimamente conectada com o povo e com sua luta pela edificação socialista.
    Na literatura, a primeira grande obra do Realismo Socialista foi A Mãe de Máximo Górki. Outras grandes obras ficaram muito conhecidas, como Assim foi temperado o aço, de Nikolai Ostrovski e A Estrada de Volokolamsk, de Alexander Bek, que retratam o período da resistência contra a ocupação nazista na Ucrânia Revolucionária.
    Na pintura, o mexicano Diego Rivera se tornou muito reconhecido por realizar pinturas que expressavam as conquistas do proletariado e sua luta em imensos muros e paredes, movimento artístico conhecido como muralismo. Também os pintores soviéticos ganharam grande reconhecimento, como Ivan Vladimirov, Deineka e Lubimov.
    O filme O encoraçado Potemkin (1925) de Sergei Eisenstein foi a primeira grande obra do cinema socialista. Depois dele, muitos outros filmes ganharam o mundo das telas: Lênin em Outubro, Chapáev e A queda de Berlim são alguns destes, contando as heroicas batalhas do proletariado russo pela revolução e os aguerridos combates da Grande Guerra Patriótica.
    Apresentamos abaixo trechos do discurso do dirigente do Partido Comunista da União Soviética, Andrei Zhdanov, no Congresso dos Escritores Soviéticos, de 1934, no qual se tomou grandes definições para o Realismo Socialista no âmbito da literatura. O texto completo pode ser lido na íntegra em nosso site: www.mepr.org.br.

Literatura Soviética: a mais rica em ideias, a literatura mais avançada

Andrei Zhdanov

Andrei Zhdanov


   “Camaradas, em nome do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética (Bolchevique) e do Conselho do Comissariado do Povo das Repúblicas Socialistas Soviéticas, permitam-me comunicar ao primeiro Congresso de Escritores Soviéticos e a todos os escritores da nossa União Soviética com o grande autor proletário, Maximo Górki, às suas brilhantes saudações bolcheviques.
    Camaradas, seu congresso é conveniente em uma época onde as principais dificuldades nos confrontando no trabalho da construção socialista já foram superadas, quando nosso país terminou de estabelecer as bases de uma economia socialista – conquistas que vão lado a lado da vitória da política de industrialização e da construção das fazendas coletivizadas.
(…)
    A chave para o sucesso da literatura soviética deve ser procurada no sucesso da construção do socialismo. Seu crescimento é uma expressão dos sucessos e conquistas de nosso sistema socialista. Nossa literatura é a mais jovem de todas as literaturas de todos os povos e países. E ao mesmo tempo, a mais rica em ideias, a mais avançada e a literatura mais revolucionária. Nunca antes houve uma literatura que organizasse os trabalhadores e oprimidos, para a luta pela abolição, de uma vez por todas, de toda forma de exploração e do jugo da escravidão assalariada.
    Nunca antes houve uma literatura que baseasse seus temas na vida da classe operária e do campesinato e na sua luta pelo socialismo. Em nenhum lugar, em nenhum país do mundo, houve uma literatura que defendesse e endossasse os princípios de direitos iguais para os trabalhadores de todas as nações, o princípio de direitos iguais para mulheres. Não há, e não pode haver em países burgueses uma literatura que constantemente ataque todo tipo de obscurantismo, todo tipo de misticismo, sacerdócio e superstição, como nossa literatura vem fazendo.
    Apenas a literatura soviética, que está ligada à construção socialista, poderia se tornar, e de fato se tornou, tal literatura tão rica em ideias, tão avançada e revolucionária.

    Os autores soviéticos já criaram vários trabalhos espetaculares, que correta e honestamente retratam a vida de nosso país soviético. (…) E à luz dos sucessos de nossa literatura soviética, vemos se destacar ainda mais todo o contraste entre nossos sistemas, o vitorioso sistema socialista, e o sistema do capitalismo moribundo, decadente.
    De que pode o autor burguês escrever, de que pode ele sonhar, que fonte de inspiração ele pode achar, de onde ele pode pegar emprestado sua inspiração, se o operário nos países capitalistas não tem certeza do amanhã, se ele não sabe se terá trabalho no dia seguinte, se o camponês não sabe se ele vai trabalhar em seu pedaço de terra amanhã ou se sua vida será arruinada pela crise capitalista, se o trabalhador intelectual não tem emprego hoje e não sabe se vai ter algum amanhã?
    Do que pode o autor burguês escrever, que fonte de inspiração pode ter para ele, quando o mundo está sendo precipitado mais uma vez, se não hoje, então amanhã, para o abismo de uma nova guerra imperialista?
(…)
    Características da decadência e declínio da cultura burguesa são as orgias de misticismo e superstição, a paixão por pornografia. Os “personagens ilustres” da literatura burguesa – daquela literatura burguesa que vendeu sua caneta ao capital – são agora ladrões, detetives policiais, prostitutas, brigões.
    Tudo isso é característico daquele segmento da literatura que está tentando esconder o declínio do sistema burguês, que em vão vem tentando provar que nada aconteceu, que tudo vai bem no “reino da Dinamarca”, que nada se apodrece no sistema capitalista.
(…)
    Em nosso país, os principais heróis das obras literárias são os construtores de uma nova vida: homens e mulheres operários, e homens e mulheres das fazendas coletivas, membros do Partido, comerciantes, engenheiros, membros da Liga da Juventude Comunista, do Movimento dos Pioneiros. Tais são os principais tipos e heróis de nossa literatura Soviética. Nossa literatura está impregnada com entusiasmo e espírito de tarefas heroicas. É otimista, mas otimista no sentido que sua essência é otimista por ser a literatura da classe do proletariado que vem se alçando, a única classe avançada e progressista. Nossa literatura soviética é forte pela virtude do fato que vem servindo a uma nova causa, a causa da construção do socialismo.
(…)”