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Companheira Remís: Este crime não ficará impune!

Viola em noite enluarada
No sertão é como espada,
Esperança de vingança.
O mesmo pé que dança um samba
Se preciso vai à luta,
Capoeira.

Desde o dia 17 de dezembro, a companheira Remis Carla estava desaparecida, após ser vista pela última vez na casa de seu ex-namorado, Paulo César, no bairro Nova Morada, em Recife. No dia 19 de dezembro, quando completou-se 48 horas de seu último contato telefônico com sua mãe, a família de Remis, após muita insistência, conseguiu registrar o Boletim de Ocorrência. Já havia se iniciado, então, uma forte campanha por parte de seus familiares, companheiras e amigos em busca de notícias sobre o seu paradeiro. Hoje, dia 23 de dezembro, encontramos seu corpo enrolado em um lençol, enterrado numa cova localizada a 10 metros de distância da casa de seu ex-namorado, que, no início da noite, foi preso e confessou esse crime covarde.

A companheira Remis, cursava o 10º período de pedagogia na UFPE e estava muito próxima de concluir sua graduação. Como uma estudante do povo, já trabalhava com educação infantil em duas creches da cidade, era muito comprometida e assídua em seus trabalhos e super querida pelas crianças. Remis tinha 24 anos, era uma jovem muito alegre, tinha um sorriso cativante, que era sua marca registrada. Ela adorava música, sabia de cor uma lista quase infinita de letras, sobretudo de RAP. Apesar de muito tímida, Remis adorava teatro e era uma excelente atriz. Ela viveu intensamente sua juventude e deixa muitos amigos e amigas, espalhados por todos os cantos da Região Metropolitana de Recife. Remis foi uma grande filha, companheira de sua mãe, Dona Ruzinete, conselheira de seu pai, senhor Carlos, e querida amiga de sua irmã Juliete. O vazio que a morte de Remis nos causa é imenso e não há um só lugar nesta cidade que não nos faça recordar de seu sorriso e de seu olhar transbordante de vivacidade.

A companheira Remis era militante do MFP (Movimento Feminino Popular), do MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário) e uma importante ativista do Coletivo Bagaço. Além disso, atuava com muito empenho na ExNEPe (Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia) e era considera a “fã número 0” da Banda Palafitas. Remis iniciou sua militância em 2012, quando conheceu o Jornal A Nova Democracia numa banquinha no hall do Centro de Educação da UFPE. Neste mesmo ano, ingressou no MEPR e no MFP. No início de  2013, passou a compor a Coordenação Regional do movimento e atuou de forma muito intensa na eleição e na gestão “Pedagogia em Movimento” do DA de Pedagogia. Nas jornadas de junho, que em Recife se estenderam até novembro daquele ano, Remis teve uma destacada atuação, estando sempre na linha de frente das manifestações, cobrindo seu rosto e nunca temendo enfrentar as forças repressivas do velho Estado.

Em 2014, participou ativamente da eleição e gestão “Pedagogia em Movimento – A luta continua” e esteve na linha de frente da campanha de boicote à farsa eleitoral daquele ano. Remis era uma militante de poucas palavras mas de muita disposição e capacidade de ação. Quem a conheceu apenas nos corredores da universidade, talvez não imagine que aquela jovem foi quem comandou uma das maiores campanhas de pichação de nosso movimento. Quem tiver a oportunidade de passar pela avenida Caxangá, perto do terminal da integração, ainda poderá ler: “Não votar! Viva a revolução! MEPR”, ali está registrada a caligrafia da nossa pedagoga revolucionária, a para sempre companheira Remis Carla.

Em 2015, a companheira Remis encabeça, pela primeira vez, a eleição do DA da Pedagogia, na gestão “Ânimo de Luta”. Ela sempre teve uma posição firme de luta contra o oportunismo no movimento estudantil, sustentando com decisão as bandeiras do classismo, da independência e da combatividade. Remis teve também uma participação destacada nos 34º, 35º e 36º ENEPes (Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia), realizados em Recife, Curitiba e Porto Velho.

Em 2016, a militância de Remis se concentra, principalmente, fora da universidade, particularmente no apoio à luta camponesa e em defesa da moradia. Remis participou do início da luta dos posseiros da chamada “Zona 6” da UFRPE, atuando como dirigente da Associação de Moradores e como apoiadora do escritório da advogada do povo, a Drª Maria José do Amaral. Na luta pela terra no campo, Remis apoiou diretamente a construção das Escolas Populares nas áreas da LCP (Liga dos Camponeses Pobres). Também atuou diretamente na resistência camponesa às reintegrações de posse, como se deu no ano passado, quando passou mais de quinze dias junto aos camponeses da Área Revolucionária Renato Nathan, em Messias – Alagoas.

Ao longo de sua prática revolucionária, a companheira Remis avançou na sua condição de militante comunista, defensora da ideologia científica do proletariado: o marxismo-leninismo-maoismo e das contribuições de valor universal do pensamento gonzalo. A última atividade política que Remis participou foi de um estudo da entrevista, recém-publicada, da camarada Laura, comandante do EPL (Exército Popular de Libertação) e dirigente do PCP (Partido Comunista do Peru).

A morte da companheira Remis é uma dura perda para o movimento revolucionário de nosso país, particularmente num momento tão decisivo da luta de classes no Brasil. O seu assassinato e a ocultação de seu cadáver provocou em nós uma forte dor que não nos paralisou, ao contrário, impulsionou nossa  ação. A campanha “Cadê Remis?”, foi decisiva para a solução desse crime. A mobilização dos estudantes na universidade e no bairro Nova Morada foi chave para a prisão desse assassino covarde. A pressão feita pela reitoria da UFPE junto ao governo do estado foi um importante fato político que revelou o descaso desse velho Estado nas buscas de uma estudante do povo desaparecida.

A conduta do delegado do caso foi indigna! No dia 20 de dezembro, uma equipe com cães farejadores, foi enviada à casa do assassino, mas esses cachorros sequer foram utilizados para a busca do corpo de nossa companheira que estava enterrada apenas a 10 metros do local. Depois de se convencer da inocência do assassino, o delegado de homicídios passou a colher o depoimento dos familiares e amigas de Remis numa investigação que parecia apontar que a própria companheira era responsável por seu desaparecimento. O levantamento de todos os indícios que comprovavam que Remis havia sido assassinada por seu ex-namorado, foram levantados por seus companheiros, como o ferimento na mão esquerda do canalha e o tapume construído para dificultar a visibilidade do local de ocultação do corpo.

A partir da mobilização no bairro, feita no dia 22 de dezembro, com a colagem de cartazes da campanha “Cadê Remis?”, o cerco contra o assassino começou a se fechar. Na madrugada, do dia 23 de dezembro, uma denúncia apontava para um possível local onde poderia estar o corpo de nossa companheira. A partir dessa informação, um grupo de policiais civis, que não eram os oficialmente responsáveis pelo caso, chegou ao bairro e junto com companheiros da Associação de Moradores conseguiu encontrar o local onde estava o corpo de Remis. Em pouco tempo, chegou uma equipe do IML e à noite já havia sido confirmada a identidade do corpo.

Um mês antes, no dia 23 de novembro, a companheira Remis havia registrado uma ocorrência na Delegacia da Mulher denunciando agressões de seu ex-namorado. Como era de se esperar, o tratamento das autoridades policiais foi deplorável. Chegaram a perguntar-lhe se os roxos no braço não eram tinta de caneta! As medidas protetivas prometidas pela Lei Maria da Penha, mais uma vez não se efetivaram. E este é um fato que tem se repetido inúmeras vezes por todo o país ao longo dos últimos anos: mulheres denunciam agressões domésticas, não recebem proteção e, em seguida, são assassinadas. Mais uma legislação populista, que promete resolver o problema da opressão contra a mulher, mas que em muitos casos agrava as situações de violência. Não podemos nos iludir, esse velho Estado nunca irá proteger as mulheres trabalhadoras! A opressão sexual contra a mulher é parte da base econômica desse sistema capitalista, pois a dupla jornada do trabalho familiar feminino compõe uma importante soma dos lucros da burguesia, que não se vê obrigada a remunerar o invisível trabalho doméstico.

A verdadeira emancipação da mulher será obra da revolução proletária! Neste ano em que perdemos Remis, completaram-se 100 anos da Grande Revolução Socialista de Outubro. A revolução russa, inaugurou uma nova era na história da humanidade, sob a direção de Lenin e Stalin, em poucos anos, as mulheres proletárias e camponesas alcançaram êxitos nunca antes atingidos. Com a revolução chinesa, avança-se incrivelmente na industrialização e socialização do trabalho doméstico, na Grande Revolução Cultura Proletária, sob a liderança do Presidente Mao e da camarada Chiang Ching a luta pela emancipação da mulher atinge altos cumes. Esse é o caminho da companheira Remis Carla, nesse caminho persistiremos como única forma de manter viva sua memória e impedir que crimes como este voltem a acontecer. Embora essa seja nossa única perspectiva estratégica, seguiremos lutando duramente pela punição imediata de crimes como esse. Exigiremos punição, mas depositamos nossas verdadeiras esperanças na justiça das massas e não desse apodrecido judiciário.

Paulo César assassino, você vai nos pagar!

Abaixo o velho e apodrecido Estado burguês-latifundiário!

Companheira Remis Carla, presente na luta!

MEPR

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