Todo apoio à luta dos camponeses do Acampamento Manoel Ribeiro
Liberdade para os 4 camponeses presos!
Desde abril deste ano o acampamento Manoel Ribeiro, em Chupinguaia – RO, dirigido pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP), tem sido alvo de uma verdadeira operação de guerra criminosa contra os camponeses que lutam por um pedaço de terra para plantar e sobreviver.
A fazenda Nossa Senhora Aparecida, ocupada pelas 200 famílias, é a última parte da antiga fazenda Santa Elina. Tomada em agosto de 2020 as famílias camponesas resistiram por 10 meses sob ataques de pistoleiros e fustigamentos da polícia militar enviada pelo governador pau mandado dos latifundiários coronel PM Marcos Rocha e seu secretário de segurança, também coronel PM Hélio Cysneiros Pachá, conhecido como o carniceiro de Santa Elina. Estas terras, em 1995, foram palco de uma das maiores resistências armadas camponesas da nossa história recente. O acampamento com mais de 600 famílias foi covardemente atacado às 3 horas da madrugada, quando homens, mulheres, crianças e idosos dormiam. Sob intenso tiroteio, a autodefesa dos camponeses respondeu ao fogo assassino das tropas de policiais e pistoleiros. O tiroteio terminou às 6 horas da manhã com o fim das munições dos camponeses, sendo o acampamento invadido pela fúria assassina de policiais que desferiam golpes de facão em feridos, mulheres e homens rendidos e arrastados e levados para uma área vizinha. Feridos foram arrematados, inclusive uma menina de 7 anos, a pequena Vanessa foi alvejada, morrendo na hora, e centenas, inclusive mulheres e crianças, foram torturadas, aterrorizadas e pelo menos 16 assassinadas. Tal episódio, que ficou conhecido mundialmente como “Massacre de Corumbiara” (sendo lembrado pelo movimento camponês combativo como “Batalha de Santa Elina”) teve participação direta do à época tenente PM Hélio Cysneiros Pachá, o coronel atual secretário de segurança pública. O mesmo que preparava um novo cerco e massacre dos camponeses do acampamento Manoel Ribeiro.
O governo de Rondônia através dos seus aparatos policiais (primeiro como pistoleiros) a soldo do latifúndio e depois com todo o aparato policial do velho Estado, logo reforçado por tropas federais da Força Nacional de Segurança, promoveram uma operação de cerco militar às centenas de famílias do acampamento Manoel Ribeiro. Neste criminoso cerco, praticaram todo tipo de intimidação à população circundante da fazenda, áreas já conquistadas pelas massas camponesas, com abordagens e revistas humilhantes e toda forma de abusos: interrogatórios, corte de cerca e invasão da área ocupada, entre outras ilegalidades. Além de manter as estradas controladas e a região como verdadeira zona militarizada. Nas ações repressivas a polícia militar lançou bombas de efeito moral, de gás lacrimogêneo, gás de pimenta, disparos de balas de borracha e de munição letal. Ademais dos sobrevoos de helicóptero na área do acampamento e tentativas de despejos totalmente à revelia das próprias leis que dizem defender, dentre outras práticas de tortura psicológica contra as famílias durante todo o dia e noite, inclusive durante a madrugada. Ainda mais, o governo chegou a suspender os atendimentos do serviço público de saúde e, de forma completamente absurda, paralisou a vacinação contra o Covid-19 nas cidades da região durante o momento mais crítico da pandemia em nosso país.
Mesmo após a ordem judicial que suspendia a reintegração de posse, fruto da resistência combativa dos camponeses e da ampla solidariedade que se desenvolveu em apoio ao acampamento, os fustigamentos e ataques persistiram, mostrando que, de fato, o Estado reacionário, para defender os interesses dos latifundiários ladrões de terras da União, violam suas próprias leis. Declaram abertamente que seu objetivo é barrar a luta camponesa e de que, se preciso for, farão novos banhos de sangue. Porém, seus planos têm sido frustrados diante da combatividade e determinação dos heroicos camponeses em luta e do amplo apoio de revolucionários e democratas no Brasil e em todo o mundo.
Em meio a essas criminosas investidas, dois camponeses foram presos, covardemente espancados e absurdamente condenados a dois anos de prisão. Além disso, no dia 14 de maio, policiais cortaram a cerca e invadiram com duas viaturas, perseguindo e atropelando alguns acampados que protegiam o acampamento, prendendo 4 deles, que agora são alvos de acusações infundadas e flagrantes forjados, como o caso do revólver plantado na mochila da acampada Estefane, uma entre os presos. A arma tinha um cartucho deflagrado e com isto a acusação de que esta acampada teria disparado contra os policiais, daí terem entrado na área.
Diante disso, conclamamos a todos a se somarem na campanha pela liberdade imediata dos 4 camponeses presos: Ezequiel, Luís Carlos, Estefane e Ricardo, e pelo fim imediato do processo injusto contra eles e os 2 camponeses presos em março e injustamente condenados a 2 anos de prisão! Lutar não é crime e sim um justo direito do povo!
Enquanto realizam essas barbaridades, cinicamente atacam os camponeses acusando-os de “terrorismo” em conluio com as difamações da imprensa “marrom”. Afirmamos que os verdadeiros terroristas em Rondônia são os latifundiários ladrões de terra da União, com seus bandos armados, seu velho Estado, e demais serviçais e porta-vozes. E o que dizer de Bolsonaro e o governo militar de fato, que já levou à morte quase 470 mil brasileiros e brasileiras! Terrorismo é o que ocorreu também na favela do Jacarezinho, onde a polícia assassina executou 28 pessoas e cerceou, como de costume, todos os direitos civis e individuais da população de mais ou menos 80 mil pessoas que lá residem.
Denunciamos que toda a enxurrada de calúnias para criminalizar a luta pela terra e a satanização da LCP é no claro objetivo de criar opinião pública e justificar a repressão desenfreada, a perseguição e prisão dos camponeses organizados na luta. Inclusive a aplicação de seus sinistros planos de execuções encobertas, como são os casos de apoiadores, ativistas e dirigentes da LCP assassinados.
Ainda mais, denunciamos que tal campanha tem por objetivo criminalizar não só a luta do acampamento Manoel Ribeiro e a luta pela terra, mas também toda luta popular em nosso país. Dessa forma, é dever de todos os democratas e revolucionários denunciar essa investida da reação. A defesa da luta dos camponeses pobres em Rondônia é a defesa do direito de nosso povo deter um pedaço de terra para plantar e sobreviver, de lutar por suas necessidades mais básicas, por uma nova sociedade, por umBrasil Novo e pelo fim desse sistema de exploração e opressão! A revolução agrária é a base para se estabelecer uma nova e verdadeira democracia em nosso país.
Também devemos nos perguntar: por que esse Estado burocrático-latifundiário ataca com tamanha ferocidade os camponeses do acampamento Manoel Ribeiro organizados pela Liga dos Camponeses Pobres? É porque sabem dessa situação em que, por um lado temos o latifúndio e a concentração de terras nas mãos de um punhado de parasitas ladrões de terra (roubadas dos camponeses, povos indígenas e quilombolas e da União), enquanto do outro temos milhões de famílias sem acesso à terra para plantar e viver com dignidade. Ademais de outros milhões de famílias de pequenos e médios agricultores que produzem mais 70% do alimento básico da população do país e que sobrevivem como uma economia permanentemente arruinada, sem créditos minimamente suficientes e sem política de preços dos governos que privilegiam indecentemente o “agronegócio”. Tal é a questão agrário-camponesa, o problema secular nunca resolvido e base da situação de atraso da Nação. É a causa da pobreza da maioria do nosso povo e de todas as desigualdades e injustiças absurdas de nossa sociedade. E que, enquanto esse problema não for resolvido, nada nem ninguém pode parar a luta pela terra.
Além disso, sabem que os camponeses do acampamento Manoel Ribeiro apontam o caminho da solução desse problema, através da tomada e distribuição de terra aos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra em nosso país, da destruição do latifúndio parte por parte, ou seja, através da Revolução Agrária. Este é o caminho para a emancipação do nosso povo e da Nação e sabem que ele arrastará milhões. Milhões de massas que se levantarão para varrer o latifúndio, a semifeudalidade e tudo o que é atrasado e caduco, a começar pelos corruptos grupos de poder das frações da grande burguesia e latifundiários, serviçais do imperialismo, principalmente ianque e seu moribundo Estado burocrático-latifundiário.
É por isso que os latifundiários e toda a reação mostram seus dentes, esbravejam furibundos e lançam toda a repressão contra os camponeses do acampamento Manoel Ribeiro, a começar pelo seu presidente falastrão, Bolsonaro, que no 1º de maio, falando para criadores de gado, atacou a LCP, voltando a ameaçá-la no 7 de maio ao inaugurar a ponte sobre o rio Madeira na divisa de Rondônia e Acre. A luta camponesa é um fantasma que os assombra e farão de tudo para tentar barrá-la. Mas será em vão, pois com sua repressão só fazem aumentar o ódio e rebeldia das massas contra este sistema de exploração e a unir nosso povo mais firmemente contra todos esses ataques covardes.
Dessa forma, fazemos um chamado aos estudantes e toda a juventude de nosso país a se colocarem ativamente em defesa do acampamento Manoel Ribeiro e da LCP, impulsionando a campanha de solidariedade e pela liberdade dos 4 presos, que toma cada dia mais força e se estende a todos os cantos de nosso país e internacionalmente. Que façamos de nossas escolas, universidades, nossos bairros e cidades caixas de ressonância e que ecoe em todos os lugares a justa bandeira de “terra para quem nela trabalha!” É nosso dever levantar nossas vozes e bandeiras em defesa dos heroicos camponeses de Rondônia.
Se o governo militar genocida de Bolsonaro quer levar uma verdadeira guerra civil reacionária contra nosso povo e principalmente as massas camponesas, a juventude combatente responderá contundentemente, lutando firmemente ao lado dos camponeses, dos operários e todo nosso povo, se vinculando às suas lutas e levantando, contra esses ataques, a bandeira de uma grande e completa transformação em nossa sociedade, a bandeira de um Brasil Novo, que passa inevitavelmente pela Revolução Agrária, como parte da revolução de Nova Democracia ininterrupta ao socialismo.
Todo apoio ao Acampamento Manoel Ribeiro e à LCP!
Viva a Liga dos Camponeses Pobres!
Abaixo a criminalização da luta pela terra!
LIBERDADE PARA OS PRESOS POLÍTICOS DO ACAMPAMENTO MANOEL RIBEIRO!
Terra para quem nela trabalha!
Abaixo o governo militar genocida de Bolsonaro!
Viva a Revolução Agrária, morte ao latifúndio!
AP – Alvorada do Povo
MEPR – Movimento Estudantil Popular Revolucionário
UV-LJR – Unidade Vermelha – Liga da Juventude Revolucionária