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PR: Estudantes da UEM conquistam retorno das atividades presenciais

Reproduzindo matéria publicado por AND em 26/01/22.

Em grande manifestação, estudantes defendem a Universidade Pública contra o sucateamento. Foto: Banco de dados AND.

No dia 24 de janeiro, os estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM) conquistaram uma importante vitória: o retorno das aulas presenciais. A decisão da Reitoria ocorreu somente após intensa mobilização.

No dia 19/01, dois dias após o início das aulas presenciais, a Reitoria da UEM publicou uma portaria que suspendia as aulas presenciais e retornava para o Ensino Remoto Emergencial (ERE). Tal medida levou os estudantes a se mobilizarem através das redes sociais, organizando uma manifestação para o dia seguinte (20), reunindo mais de 200 pessoas.

A decisão de suspender as aulas foi entendida como arbitrária pelos alunos por ter sido decidida sem qualquer diálogo entre as demais instâncias universitárias e o corpo discente. A atitude unilateral da Reitoria foi fundamentada através de um decreto da Prefeitura de Maringá, que informava sobre o risco de contaminação por Covid-19 e a ocupação de leitos de UTI. Os estudantes, favoráveis à ciência nacional, não admitiram que a pandemia fosse usada como desculpa para a imposição de novos períodos de ensino remoto.

Estudantes se manifestam contra o ensino remoto. Foto: Banco de dados AND.
Cartaz denuncia o sucateamento da UEM. Foto: Banco de dados AND.

ESTUDANTES OCUPAM LOCAL DA COLETIVA DE IMPRENSA

Também no dia seguinte (20), a Reitoria convocou uma coletiva de imprensa, que acabou sendo ocupada pelos estudantes e teve de ser finalizada em outro lugar. Finda a coletiva, os acadêmicos pressionaram e conseguiram ser atendidos pelo Reitor Julio Cesar Damasceno. Como encaminhamento da discussão com o Reitor, foi acordado que um ofício seria redigido formalizando suas demandas. Não satisfeitos, os estudantes ficaram receosos de que seu direito a estudar não estaria ainda garantindo e decidiram marcar uma nova manifestação para a manhã do dia 24.

No dia 21/01, os estudantes redigiram e protocolaram um ofício junto à Reitoria, embasado política e cientificamente, pedindo o retorno imediato das atividades presenciais, a ser levado para o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEP), a ser realizado no dia 24/01. No Conselho de Entidades Estudantis de Base (CEEB), realizado no mesmo dia, votaram o retorno presencial imediato, contando com 26 Centros Acadêmicos favoráveis, 5 abstenções e 1 voto contrário.

MANIFESTAÇÃO COM MAIS DE 400 ESTUDANTES

Ato dos estudantes na UEM. Foto: Banco de dados AND.
to dos estudantes na UEM. Foto: Banco de dados AND.
Ato dos estudantes na UEM. Foto: Banco de dados AND.

Na manhã do dia 24, conforme definido na última manifestação, cerca de 400 estudantes realizaram um novo ato em frente a Reitoria da UEM, com cartazes e entoando palavras de ordem contra o ERE e pedindo a volta do ensino presencial.

A estudante Isabela Shimano, do 1º ano do curso de Matemática, expôs sua frustração com o ERE: “O curso é difícil e online é pior para aprender. Aprendo matemática na sala de aula, mas no ensino remoto tenho que aprender sozinha”.

As estudantes Maria Fernanda e Amanda, do 3º ano do curso de Psicologia, afirmaram que o ERE parecia algo bom, pois estavam há 6 meses sem qualquer tipo de atividade acadêmica, mas com o tempo foi se tornando exaustivo para todos.

— Além da dificuldade para manter o foco, ainda reduziu a carga horária das disciplinas, prejudicando a nossa formação. A volta presencial foi um ponto de esperança. Voltar para o ERE é uma frustração.

Amanda ainda complementou:

— O ERE passou de necessário a ser algo insustentável. No começo, tudo estava fechado, depois, tudo voltou a funcionar e a UEM não. Ficamos revoltados pois queremos estudar. As atividades práticas são todas online, perde a qualidade e os alunos perdem o ânimo. O que indigna é ter eventos de até 1000 pessoas e nós não podermos estudar.

Ato dos estudantes em frente à Reitoria da UEM. Foto: Banco de dados AND.

A estudante Lorena Primon, caloura do curso de Engenharia Química, que teve somente um semestre de ERE, pontuou sobre as distrações do ambiente doméstico: “temos as distrações como ajudar a mãe, lavar a louça, cuidar do irmão, distrações básicas, mas que nos desviam da aula, já o ensino presencial é 100% foco na aula, muito melhor”.

Os estudantes ressaltaram a defasagem que o ERE proporcionou em sua formação, prejudicando a atuação como profissional futuramente.

Para o estudante Gustavo Mandotti Olher Pernias, do 3º ano do curso de Direito, “a qualidade é drasticamente diferente do ensino presencial e para pior, e a questão da socialização e da rede de contatos ficou prejudicada”. E colocou ainda que “menos esforço foi exigido, de alunos e professores, o que prejudicou nossa capacidade de comunicação também, certamente poderá ter impacto direto no exercício da profissão”.

O estudante Eduardo Yaegashi, do 2º ano de Psicologia afirmou o seguinte:

— Aprendi mais em 3 dias de ensino presencial do que em 3 semestres de ERE.

No período da tarde, no Restaurante Universitário (RU), foi realizado o CEP, que contou com a presença híbrida de 135 conselheiros. A sessão foi acompanhada de perto pelos estudantes presentes e virtualmente por mais de 1200 pessoas. Com 112 votos favoráveis, 22 contrários e 1 abstenção, foi aprovado o retorno das atividades presenciais para o dia 31/01.

Estudantes acompanhando o CEP na área externa do RU. Foto: Banco de dados AND.

Após a conquista, os estudantes comemoraram. Tiago Ryan, calouro do curso de Engenharia Química, que veio do interior de São Paulo, como muitos outros estudantes que se deslocaram para a cidade com o anúncio prévio do retorno das aulas presenciais, afirmou:

— Estou me sentindo realizado porque é um sonho de todo calouro estar aqui. Estava online e a gente ficou muito ansioso para este momento. A faculdade retrocedeu na decisão, a gente conseguiu reverter a situação e agora finalmente todo mundo vai poder estar junto e tirar proveito das aulas presencialmente, que é o mais importante. É um momento de muita alegria!.

Estudantes recebidos pela reitoria na manifestação do dia 24. Foto: Banco de dados AND.

POR TODO PAÍS: ESGOTAMENTO DO EAD

Não somente em Maringá o EaD é visto com preocupação. No terceiro ano da pandemia, as consequências do ensino remoto está sendo sentido por estudantes de todo o país. E em muitas localidades a insatisfação gera reivindicação exposta através de lutas, como a que ocorreu na UEM. Os estudantes, professores e demais trabalhadores da educação sentem que já passou da hora de discutir seriamente o retorno imediato às atividades presenciais como condição que as escolas e universidades sigam sendo espaços que sirvam à ciência e à educação, além de espaços de denúncia do obscurantismo e negacionismo que também busca a privatização do ensino público.

Estudantes de diversos cursos se manifestam contra o ensino remoto. Foto: Banco de dados AND.
MEPR

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