Reproduzimos a matéria a seguir publicada por Jornal A Nova Democracia.
Estudantes de escolas federais, juntamente com seus familiares, fizeram um combativo protesto, no dia 7 de fevereiro, exigindo a volta do ensino presencial nas instituições escolares Colégio Pedro II (CPII) e no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), localizados no Rio de Janeiro. A data marcou também a volta a aula presencial nas escolas da rede municipal e estadual.
No CPII, o retorno às aulas presenciais estava previsto no mesmo dia, porém foi cancelado após uma decisão do Conselho Superior do Colégio Pedro II (Consup). Pais e alunos ficaram revoltados e organizaram o dia de protestos. Ficou decidido que ocorreriam atos simultâneos com os alunos fazendo agitações em frente às unidades em que estudam. Sendo assim, houve concentrações nas unidades do Pedro II de Niterói, São Cristóvão, do Centro e do Humaitá. Os alunos do Cefet se concentraram em frente à unidade Maracanã. Responsáveis de estudantes do Colégio Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAp-Uerj) também estavam participando das manifestações, tendo realizado uma manifestação em 27/01 exigindo a volta das aulas presenciais.
No centro do Rio, ato exige aulas presenciais!
Por volta de 12h, os estudantes saíram de suas unidades em passeatas com destino final a Cinelândia, no Centro do Rio. Eles tomaram as ruas com seus cartazes e palavras de ordem exigindo a reabertura imediata das escolas e o retorno das aulas presenciais. Ao chegarem na Cinelândia, os cerca de 500 estudantes se posicionaram nas escadarias da Câmara Municipal e exibiram grandes faixas com os dizeres: Volta 100% CP II e Educação é essencial. Neste momento, professores, estudantes e pais fizeram falas.
Estudantes marcham com cartazes exigindo retorno das aulas presencias no colégio federal Pedro II. Foto: Banco de dados.
Estudantes marcham com cartazes exigindo retorno das aulas presencias no colégio federal Pedro II. Foto: Banco de Dados AND
Estudantes marcham com cartazes exigindo retorno das aulas presencias no colégio federal Pedro II. Foto: Banco de Dados AND
Estudantes marcham com cartazes exigindo retorno das aulas presencias no colégio federal Pedro II. Foto: Banco de Dados AND
Os estudantes e responsáveis denunciaram o fechamento das escolas e a consequente manutenção do Ensino à Distância (EaD). Eles argumentam que estão tendo um déficit gigantesco no ensino e que os anos letivos de 2020 e 2021 foram perdidos. Atualmente os alunos estão indo às escolas somente de 15 em 15 dias, onde ficam apenas 3h.
Estudantes protestam no Rio de Janeiro pela volta do ensino presencial. Foto: Banco de Dados AND
Estudantes protestam no Rio de Janeiro pela volta do ensino presencial. Foto: Banco de Dados AND
Outro problema enfrentado pelos estudantes é o corte de bolsas, situação que está obrigando grande parte dos estudantes de origem pobre a abandonar a escola e procurar emprego, aumentando o número de evasão escolar.
Segundo o Censo Escolar, entre 2019 e 2021, o ensino infantil perdeu 653 mil matrículas. E entre as crianças mais pobres, o porcentual das que não sabiam ler e escrever saltou de 33,6% para 51% entre 2019 e 2021.
Estudantes e familiares seguram cartazes exigindo volta do ensino presencial. Foto: Banco de Dados AND
Estudantes e familiares protestam em frente ao Campus Centro do colégio Pedro II. Foto: Banco de Dados AND
Durante o ato, uma equipe do AND esteve presente recolhendo depoimentos de pais e estudantes. A presidente do Grêmio estudantil Lucimar Brandão do Colégio Pedro II campus Centro, Ana Catarina, afirmou o seguinte:
— A forma como o Reitor e o Consup estão administrando essa situação, não dá mais, não há mais desculpas plausíveis para isso.
Sobre a organização do ato, a estudante disse que foram os próprios estudantes que decidiram se mobilizar após receberem a notícia de que as aulas híbridas iriam continuar. Os jovens ficaram revoltados e realizaram uma assembleia que decidiu pela manifestação.
A psicóloga Susana Santana foi ao ato para prestar apoio à luta dos estudantes e pelo direito de estudar de sua sobrinha, Camily Vitória, que é aluna do Colégio Pedro II. Ela denunciou o ensino remoto e fez a defesa das escolas como um lugar de socialização fundamental não somente para as crianças mas para todo o país:
— As crianças estão há dois anos sem ensino, sem estudar, só com ensino remoto, que ao meu ver é só para inglês ver. As crianças não aprendem, tem dificuldades.
Ainda segundo ela:
— A escola se faz com alunos convivendo uns com os outros, promovendo debates sociais, isso faz parte do desenvolvimento da nossa Nação. Com o ensino remoto, o governo está bloqueando o desenvolvimento do nosso País. Isso é mau trato, falta de respeito. Estão negligenciando o direito à educação!
Como o CPII e o Cefet são escolas federais, toda sua administração é feita diretamente pelo Ministério da Educação (MEC), órgão do governo federal. Por conta disto, os estudantes criticaram o governo militar genocida de Bolsonaro/generais pelo seu total descaso com o ensino público, com os sucessivos ataques a Educação como a imposição do Ensino Híbrido, cortes de verbas, favorecimento do ensino privado e a criação do famigerado “Novo Ensino Médio”.
Apoiadores da Revista Veias Abertas estiveram presentes no protesto e entregaram folhetos exigindo a reabertura das escolas e universidades.
Pichação em muro próximo ao campus do Gragoatá. Foto: Banco de Dados AND.