Aroeira – Geraldo Vandré

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Geraldo Vandré foi um grande marco da música popular brasileira de luta contra o regime militar fascista no Brasil, e deu grandes contribuições para a cultura popular brasileira, no artigo “Geraldo Vandré: da resistência à rendição”¹, podemos entender a reviravolta do artista revolucionário para o cantor reacionário, e destacamos deste mesmo artigo:

“Quanto a isso, não há dúvidas. O Geraldo Vandré que parte em fevereiro de 1969 é bem diferente do que volta em julho de 1973. O primeiro é a síntese mais acabada da resistência cultural ao regime militar e da canção de protesto como gênero da MPB. Tal qualidade é expressa na produção de obras como Porta EstandarteRequiém para MatragaDisparadaTerra Plana, O Plantador, Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores, entre outras. Em seu esforço por tornar a música “funcionária despudorada do texto”, não só denunciou os crimes horrendos do regime militar fascista, como a dominação da grande burguesia, do latifúndio e do imperialismo; defendeu a luta armada revolucionária como via para a tomada do poder; conclamou os camponeses a lutar pela terra, afirmando a necessidade de uma vanguarda que conduza as massas nesse processo. Em termos musicais, buscou uma estética próxima aos gêneros populares criados e conhecidos no campo, como a guarânia, a moda de viola e a toada, mas também formas urbanas como marchinhas, frevos e marchas-rancho, superando limitações políticas e estéticas do início da carreira. Procurou utilizar uma linguagem simples, mas imponente, altiva e enérgica, para comunicar com clareza os propósitos de suas canções e impulsionar o povo para a luta. Em suma, como artista do povo, foi o que  melhor reproduziu as necessidades de uma época — ainda que sob as limitações próprias da proximidade ideológica com movimentos revolucionários da pequena-burguesia — dando grandes contribuições para a cultura popular e revolucionária brasileira.

Por outro lado, o Geraldo Vandré que retorna ao Brasil em 1973, encontrava-se abalado ideologicamente pelo afastamento do país e apreensivo diante da elevação do grau de repressão por parte da contrarrevolução, que ameaçava, perseguia, torturava e assassinava centenas de pessoas, levando à quebra de organizações e militantes de diversas organizações revolucionárias. Definitivamente seria um alvo.”

Vim de longe, vou mais longe
Quem tem fé vai me esperar
Escrevendo numa conta
Pra junto a gente cobrar
No dia que já vem vindo
Que esse mundo vai virar
No dia que já vem vindo
Que esse mundo vai virar

Noite e dia vêm de longe
Branco e preto a trabalhar
E o dono senhor de tudo
Sentado, mandando dar
E a gente fazendo conta
Pro dia que vai chegar
E a gente fazendo conta
Pro dia que vai chegar

Marinheiro, marinheiro
Quero ver você no mar
Eu também sou marinheiro
Eu também sei governar
Madeira de dar em doido
Vai descer até quebrar
É a volta do cipó de aroeira
No lombo de quem mandou dar
É a volta do cipó de aroeira
No lombo de quem mandou dar

Vim de longe, vou mais longe
Quem tem fé vai me esperar
Escrevendo numa conta
Pra junto a gente cobrar
No dia que já vem vindo
Que esse mundo vai virar
No dia que já vem vindo
Que esse mundo vai virar

Noite e dia vêm de longe
Branco e preto a trabalhar
E o dono senhor de tudo
Sentado, mandando dar
E a gente fazendo conta
Pro dia que vai chegar
E a gente fazendo conta
Pro dia que vai chegar

Marinheiro, marinheiro
Quero ver você no mar
Eu também sou marinheiro
Eu também sei governar
Madeira de dar em doido
Vai descer até quebrar
É a volta do cipó de aroeira
No lombo de quem mandou dar
É a volta do cipó de aroeira
No lombo de quem mandou dar
É a volta do cipó de aroeira
No lombo de quem mandou dar

Nota 1 – Geraldo Vandré: da resistência a rendição