Em homenagem aos 10 anos das Jornadas de Junho publicamos algumas matérias sobre dois momentos importantes da atuação do MEPR nos levantes populares de 2013 e 2014 no Rio de Janeiro.
09 de Outubro de 2013 – MEPR
(Depois do espancamento e covardia sem limites aplicados contra os profissionais da educação dentro e fora da Câmara dos Vereadores do Rio, no início da semana passada, defender esse chiqueiro quando a rebelião popular o ataca é dar provas, no mínimo, de uma estupidez sem limites –e, no máximo, de canalhice pura e simples.
Quantas vezes tentou-se ocupá-lo, interna e externamente? Quantos abaixo-assinados para lá foram enviados? E a CPI dos ônibus, controlada pelos milicianos do PMDB? Que dizer, então, do Plano de Cargos e Salários dos professores aprovado sob bombas da Tropa de Choque? E que tal o soldado da PM, se gabando de ter quebrado um cassetete no corpo de algum professor, na defesa da “nobre” casa legislativa? Tudo isso não mostra, no fim de contas, que todas as vias chamadas legais, institucionais -mesmo para o atendimento das mais elementares reivindicações – à população foram negadas, naquele antro de bandidos e charlatães?
Diz o sábio ditado popular: quem com ferro fere, com ferro será ferido. Com ferro e com fogo, no caso.
II
O berreiro levantado pela reação, com a Rede Globo à frente, se justifica. Essa emissora, que representa os setores mais reacionários de nossa sociedade, tenta, de todos os modos, distorcer a realidade, contrapondo manifestantes “legítimos” aos chamados “vândalos”, ou “mascarados”. Em seus telejornais, exibem depoimentos de pedestres, se opondo ao “vandalismo”, como se o rechaço às ações combativas fosse uma “unanimidade”. A tal “liberdade de imprensa” da qual tanto cacarejam nada mais é, realmente, que a liberdade para repetir à exaustão e por todos os meios o pensamento único dos que exigem que o povo apanhe, e se indignam quando esse revida. Sérgio Cabral, que aumentou em 290% os gastos em publicidade desde o início das manifestações, dos quais grande parte foi parar no bolso dos Marinho, sabe bem que nada disso é coincidência.
Não mostram, naturalmente, os escribas dos escravocratas do século XXI, que enquanto alguns milhares tentavam arrombar a porta lateral do prédio da Câmara, ateando fogo ao mesmo, os cinqüenta mil presentes ao ato mandavam, em uníssono, Cabral para o lugar que bem merece. Quem olhasse essa cena, do alto das escadarias da Câmara, em uma praça Cinelândia tomada por um verdadeiro mar de massas, sem que em seu seio tremulasse uma única bandeira de qualquer partido oportunista, teria dificuldade em recordar qualquer unanimidade parecida. A multidão era, ali, um só, disposta a retribuir centavo por centavo todos os crimes cometidos contra os seus. Amarildo, torturado e morto nas mãos da polícia assassina de Cabral/Beltrame, estava de certo modo presente ali também.
Mais do que em defesa da educação, a Marcha era um imenso repúdio ao terrorismo de Estado. A ausência de polícia não justifica-se somente como uma tática para voltar à carga a respeito do “vandalismo”, que em essência nada mais é do que o mais do mesmo tantas vezes repetido (sem sucesso) desde junho, mas significa também o temor das massas nas ruas. Absolutamente nenhum dos presentes duvidaria, antes da manifestação, que em dado momento os Robocop’s da Tropa de Choque atacariam. E, o próprio fato de terem ido, às dezenas de milhares, para o protesto, já significava por si só uma disposição para a resistência. Um profundo ato político.
III
Como na manifestação de 7 de setembro, o povo, sábio, recordou os algozes de outras gerações também. Assim que a sede do Clube Militar, intrusa na tradicional praça das manifestações populares, não passou impune –como não passou impune também o Consulado do imperialismo ianque, que há exatos 46 anos assassinava “Che” Guevara nas matas bolivianas.
“A praça é do povo, como o céu é do Condor”, diria o poeta Castro Alves. A praça e todo o resto, naturalmente.
02 de Abril de 2014 – MEPR
O Rio de Janeiro voltou a viver uma noite de confronto entre a juventude e os trabalhadores combatentes e a polícia sanguinária de Cabral/Pezão. Na passagem dos 50 anos do golpe militar, os gorilas dos dias de hoje mostraram suas garras, e foram vistas inclusive viaturas da Força Nacional de Segurança (enviadas pelo governo federal) auxiliando a repressão dos manifestantes. As bombas de gás e efeito moral e os soldados à la Robocop não impediram, no entanto, que o Clube Militar fosse atacado com tintas vermelhas, simbolizando o sangue dos mártires torturados e assassinados pelo regime militar fascista. O significado é muito claro: não esquecemos nem conciliamos!
Tratou-se, igualmente, de demarcação com toda a esquerda oportunista que pretendia celebrar a memória dos revolucionários tombados com orações e lamúrias. Esmagados pelos monopólios de imprensa, completamente rendidos frente à reação, querem apresentar os que lutaram de armas nas mãos não só contra o regime militar mas pela derrubada violenta dessa velha ordem burguesa-latifundiária como se fossem democratas burgueses, que deram suas vidas para que se instaurasse essa farsa de “Estado de direito” que vivemos hoje. Mentira! Particularmente inaceitável é a presença de PT/PCdoB na Marcha, justamente aqueles que contribuíram a manter a impunidade aos autores de crimes contra a Humanidade durante o regime militar e gerenciam nos dias de hoje o genocídio contra o povo pobre do nosso país, assim como a aprovação de uma série de leis de exceção que inclusive pioram os mais draconianos dispositivos do período de 1964-1985 (particularmente significativa é a lei antiterrorismo, em vias de ser aprovada no Congresso Nacional, e que já foi apelidada o “AI-5 da FIFA”..
“Ditadura nunca mais” é palavra de ordem oportunista!
No terreno ideológico é importante afirmarmos que não concordamos de modo algum com a abordagem que pelo tema tem sido feita pela esquerda reformista de “Ditadura nunca mais!”. Ainda no terreno de uma análise superficial, podemos ver que essa é a mesma abordagem da Rede Globo, Folha de São Paulo e outros setores que sempre foram e seguem sendo jurados inimigos da luta popular e revolucionaria. É, igualmente, a mesma abordagem estatal do tema, como a exposição no Congresso Nacional –o mesmo Congresso de bandidos composto em sua maior parte por representantes das mesmas oligarquias e grupos econômicos que se beneficiaram diretamente do regime militar –a respeito da luta por “redemocratização”. Será que podemos, num tema tão central da vida política do país, ter concordância com nossos inimigos diretos? Quem está fazendo concessão a quem, nesse caso?
O sentido dessa abordagem completamente falsa é dizer que vivemos hoje uma “democracia” no Brasil. Como se o extermínio da população em nossas periferias perpetrado pelas polícias militares, o genocídio continuado de nossas populações indígenas e o assassinato sistemático e que já adquiriu caráter seletivo de lideranças camponesas não atestasse –entre milhões de outros casos –a persistência da ditadura sanguinária das classes dominantes sobre nosso povo. Não existe ditadura ou democracia em abstrato, quem diga um ou outro tem sempre que especificar: para quem (ou seja, para que classe)?
Além do mais, essa consigna lança poeira aos olhos dos ativistas e da população, pois sempre que as classes dominantes lacaias e o imperialismo sintam seus interesses seriamente ameaçados, não deixarão de lançar mão de todos os recursos para defende-los e temos visto, ultimamente, por conta da morte do cinegrafista da Band, por exemplo, que não é difícil, através do monopólio de imprensa, levantar um grande setor da opinião pública para defender as posições mais retrógradas, inclusive a da legalização da pena de morte, como temos visto. Portanto, não há dúvida que com o avanço significativo da luta popular e da revolução no Brasil, terá nosso povo que enfrentar todo tipo de situações, inclusive Estados de sítio e tanques nas ruas.
Finalmente, é extremamente vulgar que pessoas que se reivindiquem “socialistas” ou “comunistas”, portanto se apresentem como marxistas, coloquem as coisas nesses termos, como se a nossa missão histórica fosse a defesa da “democracia burguesa” como o último estágio da Humanidade. Quando, na verdade, a ditadura do proletariado está no centro do pensamento e da atividade política de Marx, ou seja, a necessidade e inevitabilidade histórica de oprimir, quebrar a resistência de nossos inimigos para poder, pela revolucionarização crescente de toda a sociedade, transitar à sociedade sem classes, o comunismo. Somos, portanto, abertamente “pela destruição violenta de toda ordem social existente. Que as classes dominantes tremam ante a ameaça de uma revolução comunista!”. Por isso lutaram e tombaram os revolucionários das décadas passadas; por isso seguem e seguirão lutando os revolucionários conseqüentes de nossos dias.
Honra e glória aos heróis e heroínas de nosso povo!
Punição aos torturadores e assassinos do regime militar!
Viva a Revolução de Nova Democracia!
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