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RJ: Estudantes ocupam sala do DCE da Uerj e denunciam esquemas da Reitoria com governo Cláudio Castro

Na noite de quarta feira os estudantes rechaçando a denúncia dos super salários dos membros do DCE em projetos do Estado e da “descentralização” da Uerj. Mais de 12 anos da mesma força na gestão escancararam as raízes profundas do DCE como braço da REItoria em meio ao movimento estudantil e o seu papel de mediador dos interesses estudantis.

Gestão Lodi (PT) e DCE e a cortina dos auxílios


Há 3 anos, desde a eleição da gestão Lodi na pandemia a Uerj passou por transformações em relação a sua “assistência” estudantil. Em barganha para implementar o EaD, foram aplicados vários auxílios para substituir o espaço da universidade. Em troca do bandejão, auxílio alimentação de 300; em troca das bibliotecas e organização de xerox e distribuição de materiais pelos CA’s, Auxílio Material Didático em parcela única por período no valor de
600; Ao invés da expansão da cobertura do passe livre; auxílio transporte de 300 reais. E ainda o auxílio moradia nunca pago que substituiria um alojamento.

Essas trocas foram sendo feitas juntas com uma campanha profundamente oportunista e marketeira. Levaram os estudantes ao caminho do precipício com uma trombeta ensurdecedora de “Vitória dos Estudantes!”.

O movimento estudantil independente, que viveu as duras greves de 2014/15/16/17 e construiu a Ocupação do Bandejão de 2017 já alertava que um programa assistencialista que era feito
por acordos e não por luta seriam frágeis. O resultado desses acordos foi um aumento progressivo e assustador da verba destinada a Uerj, que sempre foi sucateada pelo governo do Estado. De um ano para outro nossa verba foi da casa dos milhões para os 1,2bi e disso
para 2bi em 2023.

Agora, saindo investigação jornalística de Ruben Berta da Uol e agora ativamente do Ministério Público do RJ é que a Uerj esteve envolvida em um dos maiores esquemas de desvio do RJ. Junto com q CEDERJ, a Uerj foi usada pelo governador genocida Cláudio Castro como uma máquina de levar dinheiro pessoal.

Diante disso, o DCE composto pelas forças PT, PCdoB e satélites como Levante Popular da Juventude parecia serem os mais engajados em soar a trombeta para deixar o estudante atordoado. Em um contexto de verdadeira farra, foram esticando a corda ao extremo da sua frágil legitimidade diante dos estudantes. O impulso para a desconfiança: os atrasos dos auxílios do “maior programa de Assistência Estudantil da América Latina”.

Ao invés de um programa sólido conquistado pela luta e irrevogável de Permanência Estudantil, para eleger-se Ricardo Lodi, abdicando do cargo em um evento com Lula para se lançar a deputado federal (não eleito) prometeu levar o nosso sistema ao Brasil todo. Que perigo! Ensinar estudante que figuras como Cláudio Castro de repente tem algo de bom e apoiam os estudantes e dependemos da boa vontade dessas figuras. Despolitizando e não ensinando as táticas de lutas aplicadas há mais de século pelo Movimento Estudantil.

DCE e os seus “cargos rendosos”

Que o DCE da Uerj atua como um cão de guarda da Reitoria, isso era consenso entre as forças políticas. Só que as promessas intermináveis e a suposta “estabilidade” desapareceram como ar de um mês para o outro. A resposta das forças políticas oportunistas a qualquer tipo de luta política era sempre a mesma “isso é coisa de playboy”, “quem tira o povo da miséria é o PT”, “reclamam de barriga cheia”. Enquanto isso, reformas
curriculares acontecem sem participação estudantil, os CA’s viram meros gabinetes para organizar a vida política e estava abolida a luta pela permanência. A Uerj tem um longo histórico de luta combativa, pneus queimados, de movimento independente. Por isso, era necessário se cuidar de todos os lados contra qualquer movimentação que
não fosse feita por eles.

Agora, junto com o atraso (até então não pagamento dos auxílio), saíram uma enxurrada de posicionamentos de integrante chamando estudantes de mimados, burros por cobrarem seus sidreitos. Junto com isso, a descoberta de que vários membros de um único Coletivo (Cria) do PT
estavam recebendo 5.000 (sem descontos) em um projeto do Estado do RJ da qual aparentemente não tomavam parte.

Depois de 5 anos sem assembleia geral, um processo eleitoral da qual ninguém que não fosse dos camisas coloridas da oposicão da Une tenha sabido e participado, deboches e perseguições fajutas os estudantes em uníssono os chamaram; O-POR-TU-NIS-TAS.

O movimento estudantil na volta do presencial

A pandemia, o isolamento e a situação política de acirramento da luta de classes, da luta pela terra, das chacinas e do governo Bolsonaro, fez crescer muito o discurso mais radical. Da internet vieram vários grupos que antes não existiam expressivamente na universidade.
Esse espaço deu origem a novas oposições que pareciam tão burocráticos quanto as conhecidas. A Uerj parecia ter mudado no retorno ao presencial em 2021, depois de muita luta para reabrir forçando a entrada com os Tour da Uerj, aula pública em ocupação da Conha e atos das mães no Cap. Mas como os auxílios eram para justificar o EaD, não se pode esperar que funcionem plenamente no presencial. E depois de
um longo período de hiato do movimento estudantil presencial para a maioria dos estudantes, cada vez mais as práticas mais comuns de luta soavam distantes.

E para cumprir o papel de oposição para legitimar seus interesses, mas sem perigo de reverter a ordem, o próprio PT convidou a mesa para negociatas o Psol, mais antigo na Uerj e UJC, PSTU e Correnteza/UJR.

Esses movimentos pipocaram dentro de CA’s e sentaram a portas fechadas com o DCE para fazer um processo eleitoral completamente farsesco. Sem estatuto, com regras absurdas, exigindo mais de 50 alunos por chapa, com recolhimento de comprovante de matrícula para demonstrar força antes da eleição. Um processo farsesco e antidemocrático, mas que foi consentido por essas forças da “oposição” da caduca Une.

Quem se colocar como cordão entre os estudantes e seu direito legítimo a luta será esmagado!

Na noite da terça-feira, os estudantes lotaram o hall do queijo, sendo uma movimentação imediata dos cotistas. O movimento independente, tendo muita inserção, foi logo inserido no contexto de ajudar a organizar as falas, a agitação e apoiar com a experiência. As falas dos
estudantes denunciavam a política genocida de Cláudio Castro, a Reitoria que não tem transparência, os deboches e desrespeito com que foram tratados pela Pró-Reitoria de Assistência (PR4) e o DCE que estava sendo omisso e autoritário. Do Hall do Queijo, o ato foi para Reitoria, procurando imediata resposta, as amplas massas tinham
disposição para esperar lá dentro a Reitora. Mas entre a linha de frente do ato e a massa de estudantes revoltados formou-se um cordão de oportunistas e revisionistas das mais diversas cores: Correnteza, UJC, RUA, Afronte. Todos eles se colocando como um muro
para impedir que os estudantes que estavam lá atrás deslanchasse p cima da sala da reitoria. Como são os melhores em organizar para organizar para desmobilizar, propuseram um novo ato na reitoria. Foi proposto pelos estudantes uma assembleia na concha, logo aprovada. As massas não compraram seu discurso e decidiram então fechar a rua, da calçadas os militantes da UJC e Psol viram os estudantes tomarem spray de pimenta na cara e não saírem da rua, sem tomar parte.

No dia da assembleia, fora definido previamente pelos estudantes no grupo de Mobilização que as pautas seriam três:
“Pauta da Assembleia

  • O que pode ser feito para garantirmos eleições transparentes e amplamente divulgadas
    para o DCE e os CAs, de modo que haja efetiva representação estudantil;
  • Como serão organizadas ads próximas assembleias estudantis (com ou sem o apoio do
    DCE) e com que frequência;
  • Deliberação acerca dos meios para a conquista das exigências listadas abaixo:”

Na hora de montar a assembleia, UJR, UJC, Correnteza e Rebeldia tinham feito reunião prévio, lançado panfleto próprio e estavam sentados em cima da mesa para que ninguém os tirasse. Os estudantes então mesclaram-se na mesa com alguns estudantes do grupo de cotistas e coletivos independentes. Então, depois de uma apresentação da mesa, sequestraram a pauta e a mudaram completamente adicionando uma pauta de “Conjuntura” com 15 inscrições de 5 minutos.

A concha acústica que estava lotada esvaziou em ⅓. Os estudantes independentes começaram a questionar o método da mesa e exigir uma tirada de ação. Foi proposto pelo bloco da oposição oficial organizar a eleição de delegados por curso para fazer uma
ocupação. E do bloco independente, levando o que foi defendido no dia anterior ocupar a Reitoria ou DCE imediatamente.

A proposta da ocupação na Reitoria foi apresentada e em regime de votação por contraste, foi vencida. Então que começou a manobra na cara dura, uma integrante da UJC deu uma
contraproposta durante o regime de votação. A mesa aprovou essa atitude antidemocrática e acatou a contraproposta. O regime de votação foi reaberto entre “Ato na Sexta Feira” e “Ocupação Imediata”.

Os alunos já estavam em polvorosa vendo esse absurdo, inclusive apoiadores do DCE votando com o bloco dos coloridos. A votação foi feita do palco, apontando os dedos, sem
uma pessoa na plenária indo de mão em mão. Haviam vários estudantes que não eram da Uerj e votaram.

A assembléia já começou ilegítima e terminou com manobra, por isso, os estudantes não
aceitaram e foram ocupar o DCE.

A sala que deveria ser usada por todos era um QG fechado a chaves pelo oportunismo e foi aberta sem precisar depradar. No fervor do ato foram pichadas palavras de ordem e denúncias dos projetos fantasmas, dos dados de 5mil do portal transparência e dos 650 milhões desviados da Universidade.
Logo após a ocupação ser decretado, os alunos começaram a arrumar a sala e limpá-la para começar a sua organização: como faríamos a comida, a limpeza, a segurança, a propaganda e nosso manifesto.

A tática da ocupação é conhecida e muito usada pelo movimento estudantil em respostas as intermináveis greves de pijamas do oportunismo. Pixado, aquele espaço nunca esteve mais limpo e nunca foi tão visitado! Os discursos recuados e reacionários não podem derrubar uma revolta justa dos estudantes contra um diretório central que não representa seus interesses e mais que isso, trai seus almejos com enriquecimento próprio e tenta tirar de otário aqueles que estão a sentir todo dia a política reacionária de Cláudio Castro.
Por isso, convocamos a todas e todos os estudantes a apoiarem essa ocupação legítima e democrática dos estudantes.

CONTRA OS DESVIOS DE VERBA, IMPLEMENTAR O CO-GOVERNO ESTUDANTIL!
SÓ A LUTA RADICAL QUE MUDA A SITUAÇÃO: GREVE GERAL DE OCUPAÇÃO

Fotos da ocupação:

MEPR

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