Nota inicial: Reprodução da matéria publicada no jornal A Nova Democracia.
No dia 4 de junho, o Coletivo Estudantil Carcará e o Comitê de Apoio de Fortaleza ao AND realizaram na Universidade Federal do Ceará (UFC) um importante debate sobre a Revolução Agrária e a resistência indígena e camponesa contra o latifúndio. O evento ocorreu no auditório da Faculdade de Educação (FACED), onde é sediado o curso de pedagogia. A divulgação do debate teve grande empenho em convocar estudantes e profissionais da educação para conhecerem e tornarem-se apoiadores das lutas dos povos do campo.
O auditório foi decorado nos dois lados por faixas pintadas com a frase Viva a Revolução Agrária! e, ao fundo, banners em memória ao professor Fausto Arruda e aos companheiros Cleomar Rodrigues e Renato Nathan. O evento começou com a fala de um estudante universitário e poeta vindo de família camponesa, que declamou um poema sobre luta pela terra e falou de sua experiência no interior do Ceará. Depois, uma professora e ativista da Frente Cearense de Apoio à Resistência Palestina exaltou a importância da luta combativa na conquista da terra tanto na Palestina quanto no Brasil.
A mesa do debate foi diversa e tratou do tema de forma abrangente, tendo nela um agrônomo, uma lutadora indígena e um membro do Comitê de Apoio ao AND local. O engenheiro agrônomo e pequeno produtor rural fez a denúncia da política do Luiz Inácio (PT), que liberou o Plano Safra recorde de R$ 400 bilhões em crédito aos latifundiários, enquanto que para a pequena produção o financiamento é muito menor, e o acesso a ele é difícil e burocrático. O agrônomo também apontou o fracasso da política da reforma agrária, afirmando que o governo dá alguns títulos para famílias já assentadas para falar que está tendo “distribuição de terras”, mas que na prática não mexe nas grandes propriedades dos latifundiários, que em sua grande maioria são frutos de grilagem e expulsão de camponeses com pouca terra e indígenas.
A representante indígena Tapeba, que é também estudante universitária, falou sobre sua experiência na luta pela terra no contexto do povo Tapeba, que está dividido em 17 comunidades principalmente na zona urbana periférica de Caucaia, cidade ao lado de Fortaleza, e ainda não possui nenhuma terra demarcada. Ela também fez um paralelo da luta indígena com a luta do povo palestino, de que quando os povos se levantam em luta pela terra podem haver perigos e perdas, mas que se não houvesse essa luta de resistência seria muito pior, pois para ambos os casos perder suas terras significaria perder tudo que eles têm.
Por fim, o membro do Comitê de Apoio ao AND exaltou a tarefa histórica de unir democratas e progressistas, estudantes, profissionais da educação e operários, em apoio à bandeira da Revolução Agrária que avança no nosso país combatendo o latifúndio, reduto dos valores mais atrasados e base da extrema-direita fascista. Devemos honrar a memória daqueles que tombaram nessa luta, disse ele, levantando todo nosso apoio ao movimento camponês que é hoje a vanguarda na luta pela conquista de um Brasil novo, a Liga dos Camponeses Pobres.
Ao final do evento, todos no auditório ergueram a faixa com a consigna: Viva a Revolução Agrária! Morte ao latifúndio.