No dia 15 de janeiro, graduandos da Universidade Federal de Pernambuco e da Universidade Federal Rural de Pernambuco se reuniram presencialmente para discutir o editorial “Universidades de costas para o povo” do jornal A Nova Democracia, com o objetivo de debater o que está posto na ordem do dia para as universidades brasileiras: a luta pela não só sua abertura mas também pela garantia de permanência dentro das mesmas.
No debate, os estudantes colocaram o desalento que é a educação a distância, que além de deixar os alunos a margem de um ensino extremamente precarizado, também acaba contribuindo para o aumento de problemas relacionados a saúde mental justamente em razão da menor sociabilização e do peso da carga horária vindas com o surgimento da modalidade das atividades síncronas e assíncronas, denunciando que as universidades fecharam no momento que o povo mais precisaria dos seus aparatos.
Um licenciando em História da UFRPE compartilhou sua experiência pondo na mesa os problemas enfrentados pelos estudantes do seu curso, em que acabou desistindo de uma cadeira pelo fato da disciplina estar exigindo a leitura de livros completos (!) por semana, não levando em conta que muitos desses estudantes não possuem uma estrutura ideal para estudar em casa, tendo que muitas vezes conciliar trabalho com as atividades remotas. No curso de Pedagogia da UFPE, um estudante denunciou o fato de ter feito a cadeira de Pesquisa e Práticas Pedagógicas de forma completamente remota, o que ocasionou numa disciplina bastante desorganizada e desprovida de conteúdo, gerando a revolta de seus colegas de classe. Estudantes da área de Engenharia também mostraram sua indignação, afirmando o absurdo de estarem fazendo disciplinas exclusivamente práticas de forma remota.
O debate contou também com discussões em torno do papel que cumpre a burocracia acadêmica, onde fazem das universidades o seu feudo, esperneando pela manutenção da educação a distância e, consequentemente, sendo coniventes com a política do governo federal que usa de tal instrumento para suas investidas privatistas.
A Universidade Federal de Pernambuco e a Universidade Federal Rural de Pernambuco afirmaram o retorno das aulas, porém mantendo o farsante modelo “híbrido”, prolongando o contato de seus estudantes com a EaD, usando como justificativa as diretrizes do próprio MEC que impôs uma “flexibilização” das atividades graduandas até o semestre referente a 2021, com disciplinas “excepcionalmente” remotas – sendo uma das artimanhas usadas pela burocracia universitária para barrar o retorno presencial. É bastante claro que para garantir um ensino de qualidade é necessário o retorno, de fato, presencial, ainda mais com os últimos informes do GT Covid da UFPE onde foi afirmado que apenas 1% do contingente do corpo discente e dos servidores da universidade é que não está vacinado.
Desta forma, os estudantes presentes se prontificaram de colocar em prática o que foi debatido acerca do editorial, atestando a luta presencial, combativa e independente como única via possível para barrar o aprofundamento do sucateamento das universidades, tendo um movimento estudantil consequente para colocar as universidades a serviço do povo.
Com tamanha ânsia pela luta classista, foi planejado uma ação de colagem de cartazes em torno do bairro da Várzea onde localiza-se a Universidade Federal de Pernambuco – que continua sendo um local de muita mobilidade mesmo após seu fechamento – exigindo a abertura das universidades para defender o ensino público e gratuito. A ação foi realizada quatro dias após o debate, no dia 19 de janeiro. Na atividade, estudantes que caminhavam pelo entorno e os moradores locais que estavam voltando dos seus trabalhos se depararam com a juventude realizando a colagem de cartazes, sendo notável seus olhares curiosos junto dos sorrisos aquiescentes de outros jovens que se viam nas palavras de ordem dos cartazes.
Publicado em 22 de janeiro de 2022 pela Executiva nacional dos estudantes de pedagogia.