Dois poemas do bolchevique ucraniano Pavlo Tychyna

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Pavlo Tychyna (1891-1967)foi um poeta ucraniano soviético, membro do Partido Comunista da União Soviética (bolchevique) e compositor da letra para o Hino da República Soviética da Ucrânia. Os dois poemas escolhidos estão contidos no compêndio Poesia Soviética (1987) e foram traduzidos para o espanhol por Francisco de Oráa. A tradução ao português foi realizada pela redação de AND.

Publicado por: Jornal A Nova Democracia

RONDÓ

I

Deixo a oficina onde trabalho:

vai desfilar a massa operária!

A cidade toda grita em coro:

“Liberdade!” se ouve ao redor

Ri no céu o sol de ouro:

Corrida de cavalos de fumaça…

Deixo a oficina onde trabalho

e à concentração me somo.

Paisagem minha, primavera

minha, que trovejas em meu peito…

“Ao mundo a coroa operária,

que a eterna união marcha em reta!”

Deixo a oficina e me incorporo.

II

Do monte, em marcha à cidade

descem os álamos guerreiros…

Partindo o mundo, em voz de aço

invocamos a liberdade.

Liberdade! Fora os chorões

lamentando o destino como cães!

Sob o vento sombrio do monte,

os álamos em batalhões…

Fugirão as nuvens ao clamor

valente, seu eco roda por

fábricas, terras e caminhos.

E sob o rápido torvelinho

os álamos em batalhões.

ME AFIRMO

Sou Povo cuja força justa

por ninguém foi submetida

Me dizimou a peste e a desgraça alçou seu chicote

e tenho aqui outra vez minha força florescida.

Não me humilho ante nada para viver, me imponho.

Pra viver hei de romper grilhões.

Me afirmo, me estabeleço:

sigo vivendo a vida plena!

Me engoliste, invasora, executaste

meus filhos e minhas filhas inocentes,

o ferro, o pão, o carvão tu roubaste

cada vez mais ferozmente!

Acreditou que deixei-me devorar?

Cais na grama, surpreendida…

Me afirmo, me estabeleço, minha alma existe:

sigo vivendo a plena vida!

Meus filhos, da terra querida combatentes,

por sua proeza vou glorificar:

acodem prontamente seus pais ao libertá-los,

acodem os seus filhos ao salvá-los!

Nos campos da Rússia e em Ucrânia

e nos campos bielorrussos, meu clamor os alcança:

liquidam inimigos de arrogante insânia:

chegou a hora da vingança!

Não me dobro, ainda que esteja ferido:

o dia da vitória que clamo já estou vendo

Me afirmo, me estabeleço, estou erguido,

sigo vivendo!

Colherás um novo trigo nos campos da guerra

o verá com assombro o mundo:

que espigas! Ah, que terra!

Como não sentir júbilo profundo?

Júbilo sinto, ao céu a voz alço,

chamo meus gaviões à festa… Me estribo, 

me afirmo, me estabeleço, de minhas raízes me calço,

sigo vivendo, vivo!

Deixará de trovejar o canhão em sua hora,

voltará a seu pacífico modo a vida plena:

traqueteará nos campos a poderosa ceifadora

e soará nas fábricas o anúncio da sirene

De vida poderosa estou me enchendo, cresço

como um sol no azul, sombras derrubo…

Me afirmo, me estabeleço, 

vivo!

Dragão fascista, trema! Te recebe a Morte,

tu, no fosso vencido, com castigo tremendo.

Me estabeleço, me afirmo em meu ser forte

e seguirei vivendo!

Monumento “Cruzando o Dnieper” em Kiev, homenagem os soldados soviéticos que cruzaram o rio Dnieper meio à Grande Guerra Patriótica, em 1943. Foto: Reprodução.