Editorial semanal – A crise está delineando o seu desfecho

8 minutos de leitura

Reproduziremos a seguir o editorial semanal do jornal A Nova Democracia publicado em 03/08/2021.

Jair Bolsonaro durante manifestação da extrema-direita em março de 2020. Foto: Reprodução

As últimas manifestações bolsonaristas, de 1º de agosto, indicam o enfraquecimento político do presidente fascista. Não chegou a ocorrer em todas as capitais e sensivelmente menores que em outros momentos. Enquanto isso, “vaza” na imprensa monopolista as “sugestões” feitas por um general da reserva a Mourão, de que este renuncie, ao que respondeu: “Nunca abandonei uma missão”.

É claro que a relação entre os generais golpistas e anticomunistas com este arremedo de chefete fascista não é harmônica. É de pugna e conluio, para decidir, no terreno, qual linha golpista prevalecerá à cabeça da ofensiva contrarrevolucionária preventiva. Porém, as condições do terreno não dizem respeito apenas às consciências das forças em luta, mas também às condições externas que estas não controlam.

Por que, ainda assim, enfraquecido, Bolsonaro insiste em apregoar – e agora, aventura-se na tentativa de mobilizar massas – sobre a urna de cédulas, em contraposição à eletrônica? Por que o faz enquanto, paradoxalmente, entrega cargos-chaves do governo à centro-direita (o mal chamado “centrão”)? Ora, porque Bolsonaro tem a correta perspectiva do ponto de vista reacionário, de que o Brasil marcha ao caos e à guerra civil – situação pela qual ele mesmo labora e conspira. E ele sabe – melhor do que os articulistas liberais reacionários míopes – que, independente de sua atuação, esse é mesmo o destino do Brasil. Seu trabalho na presidência é, por assim dizer, precipitar o caos enquanto for mandatário, para que ele possa encabeçar o inevitável processo no qual desembocará a nação, mais tempo, menos tempo: o regime militar fascista.

Eis onde está a complexa tarefa fascista de Bolsonaro: criar instabilidade e manter-se no governo. Paradoxal, é verdade; mas absolutamente lógica. Ameaça a realização das eleições para conturbar institucionalmente o país – dentro do contexto de profunda recessão do capitalismo burocrático, ainda não superado desde 2015, e de condensado material social explosivo com a miséria das massas – laborando pelo caos e, simultaneamente, busca ancorar-se no governo.

O que distingue-lhe dos generais? Que estes não têm interesse em precipitar o caos, inevitável, mas adiá-lo e mesmo esperam poder evitá-lo mediante o golpe por vias constitucionais, assim definido em suas diretrizes pelo ex-comandante do Exército reacionário Villas-Boas: “atuar com legalidade, legitimidade, estabilidade”, tudo pelo cumprimento de três tarefas reacionárias – na economia por impulsionar o decomposto capitalismo burocrático, na política com reestruturação do velho Estado para a centralização máxima do poder no Executivo e a criminalização do protesto popular e sua repressão preventiva por conjurar o perigo de revolução, buscando impedir ou aplastar o inevitável levante de massas e o início de uma Grande Revolução.

O monopólio de imprensa nunca teve nenhum interesse em açoitar, em bloco, Bolsonaro e os generais como golpistas, pois sabem – como parte do núcleo-duro do establishment que são – que ambos disputam linhas diferentes que, apenas taticamente, podem (pela força dos fatores externos, mais do que pela simpatia mútua!) convergir. Mas, agora, abundam generalizações, quando surgem ameaças – como a de Braga Netto – e contemporizações dos generais sobre mudar o tipo de urna (observemos que os generais são apenas intransigentes, agora, com o cancelamento das eleições, que diante da agitação bolsonarista lhes foi uma posição obrigatória) e nas ameaças seríssimas quando a CPI aponta indícios de crimes de corrupção desde o alto da hierarquia militar (pois isso deslegitima as Forças Armadas como solucionadora, em última instância, da anarquia da corrupção). Seria tudo isso indício de que tais fatores externos estão condicionando uma convergência rigorosamente tática e momentânea, a saber, deixar aberta a porta para questionar o resultado da farsa eleitoral se se confirma um resultado desastroso para o plano dos generais?

Quais fatores externos são esses, no fim das contas? O perigo de estancamento da ofensiva contrarrevolucionária – em suas três tarefas – que deve ser preventiva (preventiva ao caos e ao perigo de sublevação social, só evitável no curtíssimo prazo se cumpridas as tarefas reacionárias), que se agravaria sobremaneira se do resultado eleitoral saísse algo que fugisse completamente aos planos do ACFA, e que ainda precisa preocupar-se com a unidade interna de suas armas.

A questão-chave e elo central na situação política é precisamente a colina das massas populares. É o fato de esta estar crescentemente se aglutinando sob a luz incandescente da estratégia do proletariado revolucionário, enquanto abundam condições de desgraças sociais que empurram as multidões para uma ação histórica independente e, a reação, para uma visceral divisão interna crescente. Essa convergência de fatores, extraordinária e ímpar na história da Nação nesta qualidade, torna inevitável o regime militar. Quanto mais se agrava a crise política, mais os embates empurrarão a polarização na sociedade entre a ofensiva contrarrevolucionária – que se debate em contradições internas – e a revolução – que fermenta crescentemente entre as massas golpeadas impiedosamente por esta crise e sob o tacão do impopular governo militar genocida do fascista Bolsonaro. Mais do que nunca urge mobilizar as massas do campo e cidade em defesa de seus mais sentidos interesses e direitos pisoteados e pela Nova Democracia.

As últimas manifestações bolsonaristas, de 1º de agosto, indicam o enfraquecimento político do presidente fascista. Não chegou a ocorrer em todas as capitais e sensivelmente menores que em outros momentos. Enquanto isso, “vaza” na imprensa monopolista as “sugestões” feitas por um general da reserva a Mourão, de que este renuncie, ao que respondeu: “Nunca abandonei uma missão”.

É claro que a relação entre os generais golpistas e anticomunistas com este arremedo de chefete fascista não é harmônica. É de pugna e conluio, para decidir, no terreno, qual linha golpista prevalecerá à cabeça da ofensiva contrarrevolucionária preventiva. Porém, as condições do terreno não dizem respeito apenas às consciências das forças em luta, mas também às condições externas que estas não controlam.

Por que, ainda assim, enfraquecido, Bolsonaro insiste em apregoar – e agora, aventura-se na tentativa de mobilizar massas – sobre a urna de cédulas, em contraposição à eletrônica? Por que o faz enquanto, paradoxalmente, entrega cargos-chaves do governo à centro-direita (o mal chamado “centrão”)? Ora, porque Bolsonaro tem a correta perspectiva do ponto de vista reacionário, de que o Brasil marcha ao caos e à guerra civil – situação pela qual ele mesmo labora e conspira. E ele sabe – melhor do que os articulistas liberais reacionários míopes – que, independente de sua atuação, esse é mesmo o destino do Brasil. Seu trabalho na presidência é, por assim dizer, precipitar o caos enquanto for mandatário, para que ele possa encabeçar o inevitável processo no qual desembocará a nação, mais tempo, menos tempo: o regime militar fascista.

Eis onde está a complexa tarefa fascista de Bolsonaro: criar instabilidade e manter-se no governo. Paradoxal, é verdade; mas absolutamente lógica. Ameaça a realização das eleições para conturbar institucionalmente o país – dentro do contexto de profunda recessão do capitalismo burocrático, ainda não superado desde 2015, e de condensado material social explosivo com a miséria das massas – laborando pelo caos e, simultaneamente, busca ancorar-se no governo.

O que distingue-lhe dos generais? Que estes não têm interesse em precipitar o caos, inevitável, mas adiá-lo e mesmo esperam poder evitá-lo mediante o golpe por vias constitucionais, assim definido em suas diretrizes pelo ex-comandante do Exército reacionário Villas-Boas: “atuar com legalidade, legitimidade, estabilidade”, tudo pelo cumprimento de três tarefas reacionárias – na economia por impulsionar o decomposto capitalismo burocrático, na política com reestruturação do velho Estado para a centralização máxima do poder no Executivo e a criminalização do protesto popular e sua repressão preventiva por conjurar o perigo de revolução, buscando impedir ou aplastar o inevitável levante de massas e o início de uma Grande Revolução.

O monopólio de imprensa nunca teve nenhum interesse em açoitar, em bloco, Bolsonaro e os generais como golpistas, pois sabem – como parte do núcleo-duro do establishment que são – que ambos disputam linhas diferentes que, apenas taticamente, podem (pela força dos fatores externos, mais do que pela simpatia mútua!) convergir. Mas, agora, abundam generalizações, quando surgem ameaças – como a de Braga Netto – e contemporizações dos generais sobre mudar o tipo de urna (observemos que os generais são apenas intransigentes, agora, com o cancelamento das eleições, que diante da agitação bolsonarista lhes foi uma posição obrigatória) e nas ameaças seríssimas quando a CPI aponta indícios de crimes de corrupção desde o alto da hierarquia militar (pois isso deslegitima as Forças Armadas como solucionadora, em última instância, da anarquia da corrupção). Seria tudo isso indício de que tais fatores externos estão condicionando uma convergência rigorosamente tática e momentânea, a saber, deixar aberta a porta para questionar o resultado da farsa eleitoral se se confirma um resultado desastroso para o plano dos generais?

Quais fatores externos são esses, no fim das contas? O perigo de estancamento da ofensiva contrarrevolucionária – em suas três tarefas – que deve ser preventiva (preventiva ao caos e ao perigo de sublevação social, só evitável no curtíssimo prazo se cumpridas as tarefas reacionárias), que se agravaria sobremaneira se do resultado eleitoral saísse algo que fugisse completamente aos planos do ACFA, e que ainda precisa preocupar-se com a unidade interna de suas armas.

A questão-chave e elo central na situação política é precisamente a colina das massas populares. É o fato de esta estar crescentemente se aglutinando sob a luz incandescente da estratégia do proletariado revolucionário, enquanto abundam condições de desgraças sociais que empurram as multidões para uma ação histórica independente e, a reação, para uma visceral divisão interna crescente. Essa convergência de fatores, extraordinária e ímpar na história da Nação nesta qualidade, torna inevitável o regime militar. Quanto mais se agrava a crise política, mais os embates empurrarão a polarização na sociedade entre a ofensiva contrarrevolucionária – que se debate em contradições internas – e a revolução – que fermenta crescentemente entre as massas golpeadas impiedosamente por esta crise e sob o tacão do impopular governo militar genocida do fascista Bolsonaro. Mais do que nunca urge mobilizar as massas do campo e cidade em defesa de seus mais sentidos interesses e direitos pisoteados e pela Nova Democracia.