Logo

  • Sobre
  • Nacional
  • Internacional
  • Movimento Estudantil
  • Cultura Popular
  • Teses
    • Tese – Dois Caminhos no Movimento Estudantil
    • Tese – A Universidade Latinoamericana e as Históricas Bandeiras do Movimento Estudantil
    • Tese – O caráter revolucionário e nacional da ciência e da técnica em nosso país
    • Tese – Derrubemos os Muros da Universidade
  • Teoria
  • Contato

Logo

Movimento Estudantil

PE: Diretório academico de FIlosofia da UFPE rompe com a UNE e puxa manifestação vitoriosa em assembleia estudantil

maio 22, 2025
Movimento Estudantil

RJ: Luiz Inácio/MEC: tirem suas mãos da UFRJ!

maio 21, 2025
Movimento Estudantil

PE: Estudantes da UFPE repelem fascistas em evento da extrema-direita

maio 20, 2025
Movimento Estudantil

RO: Militantes do MEPR penduram faixa em apoio à Área Revolucionária Gedeon José Duque

maio 18, 2025
Movimento Estudantil

Editorial semanal: Manobras e perspectivas

por MEPR
Publicado em agosto 11, 2021
4 minutos de leitura

Publicaremos a seguir o editorial semanal do Jornal A Nova Democracia. Publicado em: 10/08/21

Em meio ao perigo que gerará a ação consciente do proletariado revolucionário, os militares marcam passo. Foto: Fernando Frazão

A crise política brasileira – que, com a anulação da condenação de Luiz Inácio e transferência de seu processo às calendas da instância federal de Brasília, retomou a todo vapor a polarização Bolsonaro-Lula como luta no seio dos grupos de poder das classes dominantes – já está delineando um desfecho em torno das eleições de 2022. Passe o que passe, com ou sem eleição, nada deste mundo político oficial putrefato terá legitimidade. Essa polarização reacionária terá fim e será inevitavelmente substituída pela agudização da luta de classes feroz das massas pauperizadas ao extremo, do sangue camponês derramado a jorro por um pedaço de terra num país de 850 milhões de hectares e o clamor por uma democracia nova. Passar-se-á a contenda social ao estágio mais claro e definido entre revolução e contrarrevolução.

Encurralado, Bolsonaro busca sair das cordas “fugindo para frente”, isto é, atacando. Embora enfraquecido, a cadeira presidencial dá-lhe algumas vantagens no embate político, as quais, a seu modo boçal, ele maneja com alguma racionalidade: de fato, a pauta e a temperatura das discussões são controladas por ele, como se viu nitidamente no caso do voto impresso. Há, além disso, o peso gigantesco do aparato burocrático estatal, a se perpetuar quase que pela inércia, que fez com que todos os presidentes eleitos na nova república – a exceção de Collor, que renunciou – tenham sido reeleitos. Não é de todo desnecessário lembrar que, em meados de 2005, no auge do escândalo do mensalão, parecia improvável uma segunda vitória eleitoral de Lula. Claro que as situações são distintas, mas com o exemplo queremos destacar que ainda não está claro qual a capacidade de resistência de Bolsonaro na presidência. No fim das contas, a corda sempre se pode esticar mais um pouco.

No caso do voto impresso, o capitão do mato parece ganhar na derrota: lança ameaças e intimidação a ponto de fazer desfilar tanques na Esplanada do Planalto e, embora a proposta seja sepultada no Congresso, a mera discussão já turva o resultado das urnas no próximo ano, e serve ademais para manter a sua base coesa. Enquanto isso, aprofunda sua pregação golpista nas polícias militares e bases das Forças Armadas, à espera de uma melhor oportunidade para agir. Ganhando as eleições, no segundo mandato trará mais tempo e, quem sabe, ocasiões mais propícias, para consumar a sonhada quartelada. Perdidas as mesmas, soará o alarme para a ampla contestação do resultado, com desdobramentos de todo imprevisíveis.

A saída do impeachment torna-se mais improvável à medida que o tempo passa. Oras, mesmo do ponto de vista do pequeno-burguês liberal, não faria sentido essa alternativa a poucos meses das eleições, quando o “pacto social” farsesco tem a chance de ser refeito nas urnas. De outro lado, serve para arregimentar as fileiras do oportunismo, após anos de letargia e desmobilização, que encena nas passeatas cívicas uma disposição de luta e capacidade de mobilização que já não possui de fato. Não por acaso, a entrada em cena dos partidos operário-burgueses nas manifestações contra o governo, e a sua descarada tentativa de fazê-las mero palanque eleitoreiro, coincidiu com o seu esvaziamento. O fato de as últimas esperanças destes setores – em que jogam sua sobrevivência – dependerem do retorno de um velho caudilho como Luiz Inácio, criatura política dos mesmos militares que fizeram a “redemocratização”, só confirma o ocaso de seu ciclo histórico. Uma eventual vitória sua, caso seja aceita pelos militares, inauguraria um governo de crises sem fim, preso a tantos acordos que será quase incapaz de dar um passo; a derrota, imporá a divisão profunda nas suas fileiras, e a disputa pelo espólio dos findos tempos de glória. Suas perspectivas, portanto, são sombrias.

Nos bastidores, o Alto Comando das Forças Armadas (ACFA), cujo centro é o Exército reacionário, marca passo. Se é um engano supor que no cenário atual ele está predisposto a marchar com Bolsonaro (não por qualquer apego à “democracia”, mas porque não precisam lançar-se a uma quartelada, para tomar o que já têm: o poder, cuja expressão é a “tutela militar” que nunca deixaram de exercer nos últimos trinta anos, e que se escancarou e reforçou tremendamente desde 2017), seria outro engano, pior ainda, contar certo de que não está. Pois, em meio à profunda crise geral do país em todos os planos da vida nacional que o equivale à bomba armada, o que faz sensivelmente volúvel a situação do ACFA, como comprova nossa história republicana, com a consumação da anunciada aventura bolsonarista não há nada que assegure que os generais do Alto Comando não se veem obrigados a marcharem juntos, se a unidade das reacionárias Forças Armadas se apresenta ameaçada. Também, se com as inevitáveis explosões espontâneas de massas a estas somar a ação consciente do proletariado revolucionário, se ao ódio de classe mais ou menos cego se somar uma estratégia clara de luta pelo Poder, as Forças Armadas responderão com a máxima violência e centralização do poder, com medidas que lhes assegurem mãos livres de qualquer controle, e não recuarão ante nenhuma ilegalidade para tentar impedir que a revolução prospere.

Fora disto, mesmo no caso de explosão de revolta espontânea sem uma direção minimamente consequente, as ditas operações de Garantia da Lei e da Ordem já dão aos gorilas, dentro dos atuais limites constitucionais, amplas margens para reprimir com selvageria o “inimigo interno”. O que diz muito sobre a “Constituição Cidadã” e a “Nova República”, meras evoluções quanto às formas deste ferrolho contrarrevolucionário que é o Estado burguês-latifundiário, serviçal do imperialismo, principalmente norte-americano, que governa o País.

Seja como for, sua ação genocida se chocará com a resistência revolucionária crescente, mais consciente do que nunca e cada vez mais poderosa. Se sairmos deste labirinto cotidiano e olharmos os longos períodos históricos, veremos que os ventos frescos da mudança prevalecem sempre. A revolução é a tendência política principal da história, somente a Revolução tem futuro no Brasil.

Movimento Estudantil

Da luta pelos mortos a lutar pelos vivos: a história das Ligas Camponesas.

por MEPR
Publicado em agosto 6, 2021
13 minutos de leitura

Texto publicado no Jornal A Nova Democracia no dia 04/08/2021. Escrito por – Sebastião Ilar.

“Eu não inventei as Ligas
Elas são a flor
Que se abre no lodo”
Francisco Julião.

Ao contrário do que muitos pensam, as Ligas Camponesas não começaram com Francisco Julião, muito menos começaram como organização de luta pela terra. Na verdade, começaram com a iniciativa de João Firmino, em 1955, de defender a “reivindicação dos mortos”; defender que todo camponês, depois de morto, tivesse o direito de descansar em paz; aquele que nunca teve terra poder ter depois de morto, sete palmos abaixo da terra e um caixão. Para alguns leitores pode soar estranho: por que lutar pelos mortos? Qual o sentido? A isso Josué de Castro nos responde quando diz que para o camponês do nordeste a vida não lhe pertence, dela tira apenas o cansaço, a miséria, as formas feudais nas quais é obrigado a trabalhar na terra do latifundiário; neste contexto a morte aparece para ele como sua saída, seu único direito que ninguém pode retirar. 

Contudo, uma realidade cruel se apresentava: o pobre neste país não tem direito nem de se enterrar. Nos interiores do Brasil os caixões são da prefeitura, e não é incomum que tenha-se que retirar o morto antes de enterrar e devolver o caixão às autoridades locais. Por conta dessa situação nasce a primeira Liga Camponesa em Engenho da Galiléia, mas assim como nas primeiras revoltas camponesas do Nordeste, no princípio, se apresentavam como revoltas de cunho religioso, messianico e tinham em si profundo caráter de classe, logo isso ocorre com as Ligas. 

O INÍCIO: ‘PRESIDENTE DE HONRA’ E O MEDO DO COMUNISMO 

De início, em um gesto servil, os camponeses convidam para ser presidente de honra da Liga o senhor de terras, o latifundiário do Engenho da Galiléia, Oscar Arruda Beltrão, que aceita e se faz presente quando a Liga é fundada, até então chamada de “Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco”. Mas a simples reivindicação de algo além do que simplesmente a ajuda funerária, como conseguir algumas sementes e instrumentos melhores de trabalho, já mostrava timidamente que o movimento tendia adquirir um caráter mais social e combativo – para a situação da organização do movimento camponês no nordeste à época – e isso fez com que outros latifundiários locais avisassem ao senhor de terras que aquilo que ele havia aceitado era uma “artimanha dos comunistas”. 

Logo o latifundiário se viu assustado, com medo de que estivesse permitindo uma infiltração comunista em suas terras. O que queriam aqueles homens? Roubar suas terras? Destruir a sociedade? Implantar o socialismo? Parar de pagar o cambão, o foro? Destruir a casa grande e socializar o engenho? Absurdo! Não poderia permitir aceitar tamanha ameaça, mandou fechar a Liga… a partir desse momento a coisa muda. 

E A RESISTÊNCIA VEIO… 

Os camponeses não aceitaram aquela atitude, resolveram resistir ao fechamento! A partir desse momento a “Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco” se tornará um movimento que lutará não só pelos mortos, como pelos vivos; como Josué de Castro colocara: foi tratando dos problemas da morte que os camponeses do Engenho da Galiléia abriram seus olhos para a vida. 

O latifundiário ameaçou expulsá-los, chamar a polícia, chamar seus capangas e coisas do gênero; a cada ameaça mais os camponeses ficaram bravos e animados para o dia em que iriam botar para correr aqueles parasitas de suas terras, onde viviam e produziam anos a fio, e então novamente decidiram que iriam resistir. 

É aqui que entra um importante personagem dessa história: o advogado Francisco Julião. 

UM ADVOGADO EM DEFESA DOS CAMPONESES POBRES DO NORDESTE 

Francisco Julião Arruda de Paula nasceu em 16 de Fevereiro de 1915 no Engenho Boa Esperança, estado de Pernambuco. Falar de Julião é falar dos camponeses pobres e, principalmente, das Ligas Camponesas, todavia ele mesmo provém de uma família dona de engenhos. 

Julião, de uma forma ou de outra, traiu sua classe de origem e essa foi a melhor decisão que já tomou. Estudou em bons colégios do Recife e, quando as coisas não iam bem nos Engenhos da família, começou a lecionar e se matriculou na faculdade de Direito, formando-se em dezembro de 1939. 

Fato interessante é que – apesar de não ser ativo na vida política durante seu tempo de faculdade, mas muito influenciado pela oposição ao Estado Novo – Julião passou um dia detido no DOPS pouco tempo depois da formatura. 

Desde o início de sua carreira, quando montou um escritório de advocacia em 1940, Julião buscou defender os camponeses pobres do nordeste. Em um processo relativamente rápido, Julião foi de um simples advogado dedicado a defender os camponeses para um agitador camponês de grande capacidade política e que incentivava os camponeses a tomarem todas as terras do latifúndio. 

Defendendo por anos a causa dos posseiros da zona da mata pernambucana, Julião se tornou deputado e prestava ajuda principalmente a aqueles que não tinham dinheiro para pagar os impostos feudais exigidos nos latifúndios nordestinos. 

Ganhando respeito das massas, principalmente após defender diversos trabalhadores que viveram por mais de 40 anos em terras que haviam sido recém compradas pela usina Santa Terezinha, que ameaçava expulsá-los, Julião foi procurado pelas famílias camponesas de Engenho da Galiléia. Julião, nessa época, já tinha percebido que a disputa jurídica, por si só, não estava resolvendo nada, pois sempre o camponês acabava perdendo as questões. 

Nesses grandes acontecimentos históricos que estavam no tempo certo de acontecer, Francisco Julião conhece a situação do engenho e decide defender o que era a primeira Liga Camponesa. 

EXPANDEM-SE AS LIGAS! 

Com suas intervenções na Tribuna denunciando os crimes hediondos do latifúndio, não só em Engenho da Galiléia, como em todo o nordeste do Brasil, principalmente Pernambuco, Julião se torna um agitador social. Com a crescente atuação das Ligas no campo, passam a existir cada vez mais núcleos por toda a zona da mata pernambucana e logo ultrapassa os limites do estado, se espalhando por toda aquela região do Brasil (do Maranhão até Sergipe). Todos os camponeses agora tinham com o que se defender! E isso obviamente não foi bem visto pelos círculos dominantes nordestinos… 

“Falava-se delas (as Ligas) como se fosse o próprio apocalipse e de Julião como se fosse o próprio anticristo. Foi neste momento que os Estados Unidos da América redescobriram o Nordeste”.

A perseguição sempre existira, mas a dimensão de sua ampliação foi tal que era como se naquele momento o Nordeste estivesse a beira de uma revolução comunista, que dali para o outro dia aqueles camponeses finalizariam o trabalho que a tal “intentona” não havia feito em 1935, quando entregou Natal. 

O jornal New York Times nos artigos publicados por Tad Szulc em 31 de Outubro e 1 de Novembro de 1960 estampava em suas páginas: “Os marxistas estão organizando os camponeses no Brasil!” e, para completar, grafava: “O primeiro-ministro de Cuba, Fidel Castro, e o Presidente do Partido Comunista da China, Mao Tsetung, estão sendo apontados como heróis a serem seguidos pelos camponeses nordestinos, trabalhadores e estudantes”. Nessa sanha anticomunista do jornalista Tad Szulc sobrou até para a capital de Pernambuco, o Recife, apontado por ele como “o mais forte centro comunista do Brasil”. 

Quanto mais os reacionários batiam, mais a Liga crescia; havia um espírito de revolta muito grande ali como em todo o Brasil. Com a chegada dos anos 60 e as ameaças de golpe militar já muito claras, as Ligas Camponesas ainda eram uma preocupação muito grande para as classes dominantes, várias lideranças das Ligas ao longo daquele tempo foram sendo assassinadas por jagunços e policiais amparados pelo estado, e nesse contexto culminou-se o golpe militar. 

O GOLPE DE 1964 E A REPRESSÃO ÀS LIGAS 

Assim como ocorreu em Trombas e Formoso (ver A luta de Trombas e Formoso e a sua similaridade com o Brasil atual) após o golpe militar a perseguição foi muito grande, como se pode constatar parcialmente no filme Cabra marcado pra morrer: os dirigentes e os apoiadores perseguidos, Julião dentre eles. Sendo reconhecido pela polícia após dias disfarçado, Julião é preso; depois de solto ainda passa um ano buscando exílio, até que se instala no México, mais especificamente em Cuernavaca onde faleceu na década de 90. 

O resto dos dirigentes camponeses não têm a mesma sorte do deputado e acabam tendo que fugir para não serem presos, trocando de identidade e indo para cidades escondidas no interior do nordeste. Dessa forma, as Ligas vão sendo desarticuladas e a repressão consegue por anos, e à custa de muito sangue, calar o movimento camponês combativo, especialmente no nordeste. A falta de uma vanguarda revolucionária e o atraso de algumas concepções decorrente da ausência dessa vanguarda, fez com que, ao culminar-se o golpe militar de 64 as Ligas não disparassem um tiro, dessa forma encerrou-se um importante capítulo do movimento camponês no Brasil. Como de praxe na ação do velho Estado, foi mais um capítulo encerrado à bala.

Ao contrário do que muitos pensam, as Ligas Camponesas não começaram com Francisco Julião, muito menos começaram como organização de luta pela terra. Na verdade, começaram com a iniciativa de João Firmino, em 1955, de defender a “reivindicação dos mortos”; defender que todo camponês, depois de morto, tivesse o direito de descansar em paz; aquele que nunca teve terra poder ter depois de morto, sete palmos abaixo da terra e um caixão. Para alguns leitores pode soar estranho: por que lutar pelos mortos? Qual o sentido? A isso Josué de Castro nos responde quando diz que para o camponês do nordeste a vida não lhe pertence, dela tira apenas o cansaço, a miséria, as formas feudais nas quais é obrigado a trabalhar na terra do latifundiário; neste contexto a morte aparece para ele como sua saída, seu único direito que ninguém pode retirar. 

Contudo, uma realidade cruel se apresentava: o pobre neste país não tem direito nem de se enterrar. Nos interiores do Brasil os caixões são da prefeitura, e não é incomum que tenha-se que retirar o morto antes de enterrar e devolver o caixão às autoridades locais. Por conta dessa situação nasce a primeira Liga Camponesa em Engenho da Galiléia, mas assim como nas primeiras revoltas camponesas do Nordeste, no princípio, se apresentavam como revoltas de cunho religioso, messianico e tinham em si profundo caráter de classe, logo isso ocorre com as Ligas. 

O INÍCIO: ‘PRESIDENTE DE HONRA’ E O MEDO DO COMUNISMO 

De início, em um gesto servil, os camponeses convidam para ser presidente de honra da Liga o senhor de terras, o latifundiário do Engenho da Galiléia, Oscar Arruda Beltrão, que aceita e se faz presente quando a Liga é fundada, até então chamada de “Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco”. Mas a simples reivindicação de algo além do que simplesmente a ajuda funerária, como conseguir algumas sementes e instrumentos melhores de trabalho, já mostrava timidamente que o movimento tendia adquirir um caráter mais social e combativo – para a situação da organização do movimento camponês no nordeste à época – e isso fez com que outros latifundiários locais avisassem ao senhor de terras que aquilo que ele havia aceitado era uma “artimanha dos comunistas”. 

Logo o latifundiário se viu assustado, com medo de que estivesse permitindo uma infiltração comunista em suas terras. O que queriam aqueles homens? Roubar suas terras? Destruir a sociedade? Implantar o socialismo? Parar de pagar o cambão, o foro? Destruir a casa grande e socializar o engenho? Absurdo! Não poderia permitir aceitar tamanha ameaça, mandou fechar a Liga… a partir desse momento a coisa muda. 

E A RESISTÊNCIA VEIO… 

Os camponeses não aceitaram aquela atitude, resolveram resistir ao fechamento! A partir desse momento a “Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco” se tornará um movimento que lutará não só pelos mortos, como pelos vivos; como Josué de Castro colocara: foi tratando dos problemas da morte que os camponeses do Engenho da Galiléia abriram seus olhos para a vida. 

O latifundiário ameaçou expulsá-los, chamar a polícia, chamar seus capangas e coisas do gênero; a cada ameaça mais os camponeses ficaram bravos e animados para o dia em que iriam botar para correr aqueles parasitas de suas terras, onde viviam e produziam anos a fio, e então novamente decidiram que iriam resistir. 

É aqui que entra um importante personagem dessa história: o advogado Francisco Julião. 

UM ADVOGADO EM DEFESA DOS CAMPONESES POBRES DO NORDESTE 

Francisco Julião Arruda de Paula nasceu em 16 de Fevereiro de 1915 no Engenho Boa Esperança, estado de Pernambuco. Falar de Julião é falar dos camponeses pobres e, principalmente, das Ligas Camponesas, todavia ele mesmo provém de uma família dona de engenhos. 

Julião, de uma forma ou de outra, traiu sua classe de origem e essa foi a melhor decisão que já tomou. Estudou em bons colégios do Recife e, quando as coisas não iam bem nos Engenhos da família, começou a lecionar e se matriculou na faculdade de Direito, formando-se em dezembro de 1939. 

Fato interessante é que – apesar de não ser ativo na vida política durante seu tempo de faculdade, mas muito influenciado pela oposição ao Estado Novo – Julião passou um dia detido no DOPS pouco tempo depois da formatura. 

Desde o início de sua carreira, quando montou um escritório de advocacia em 1940, Julião buscou defender os camponeses pobres do nordeste. Em um processo relativamente rápido, Julião foi de um simples advogado dedicado a defender os camponeses para um agitador camponês de grande capacidade política e que incentivava os camponeses a tomarem todas as terras do latifúndio. 

Defendendo por anos a causa dos posseiros da zona da mata pernambucana, Julião se tornou deputado e prestava ajuda principalmente a aqueles que não tinham dinheiro para pagar os impostos feudais exigidos nos latifúndios nordestinos. 

Ganhando respeito das massas, principalmente após defender diversos trabalhadores que viveram por mais de 40 anos em terras que haviam sido recém compradas pela usina Santa Terezinha, que ameaçava expulsá-los, Julião foi procurado pelas famílias camponesas de Engenho da Galiléia. Julião, nessa época, já tinha percebido que a disputa jurídica, por si só, não estava resolvendo nada, pois sempre o camponês acabava perdendo as questões. 

Nesses grandes acontecimentos históricos que estavam no tempo certo de acontecer, Francisco Julião conhece a situação do engenho e decide defender o que era a primeira Liga Camponesa. 

EXPANDEM-SE AS LIGAS! 

Com suas intervenções na Tribuna denunciando os crimes hediondos do latifúndio, não só em Engenho da Galiléia, como em todo o nordeste do Brasil, principalmente Pernambuco, Julião se torna um agitador social. Com a crescente atuação das Ligas no campo, passam a existir cada vez mais núcleos por toda a zona da mata pernambucana e logo ultrapassa os limites do estado, se espalhando por toda aquela região do Brasil (do Maranhão até Sergipe). Todos os camponeses agora tinham com o que se defender! E isso obviamente não foi bem visto pelos círculos dominantes nordestinos… 

“Falava-se delas (as Ligas) como se fosse o próprio apocalipse e de Julião como se fosse o próprio anticristo. Foi neste momento que os Estados Unidos da América redescobriram o Nordeste”.

A perseguição sempre existira, mas a dimensão de sua ampliação foi tal que era como se naquele momento o Nordeste estivesse a beira de uma revolução comunista, que dali para o outro dia aqueles camponeses finalizariam o trabalho que a tal “intentona” não havia feito em 1935, quando entregou Natal. 

O jornal New York Times nos artigos publicados por Tad Szulc em 31 de Outubro e 1 de Novembro de 1960 estampava em suas páginas: “Os marxistas estão organizando os camponeses no Brasil!” e, para completar, grafava: “O primeiro-ministro de Cuba, Fidel Castro, e o Presidente do Partido Comunista da China, Mao Tsetung, estão sendo apontados como heróis a serem seguidos pelos camponeses nordestinos, trabalhadores e estudantes”. Nessa sanha anticomunista do jornalista Tad Szulc sobrou até para a capital de Pernambuco, o Recife, apontado por ele como “o mais forte centro comunista do Brasil”. 

Quanto mais os reacionários batiam, mais a Liga crescia; havia um espírito de revolta muito grande ali como em todo o Brasil. Com a chegada dos anos 60 e as ameaças de golpe militar já muito claras, as Ligas Camponesas ainda eram uma preocupação muito grande para as classes dominantes, várias lideranças das Ligas ao longo daquele tempo foram sendo assassinadas por jagunços e policiais amparados pelo estado, e nesse contexto culminou-se o golpe militar. 

O GOLPE DE 1964 E A REPRESSÃO ÀS LIGAS 

Assim como ocorreu em Trombas e Formoso (ver A luta de Trombas e Formoso e a sua similaridade com o Brasil atual) após o golpe militar a perseguição foi muito grande, como se pode constatar parcialmente no filme Cabra marcado pra morrer: os dirigentes e os apoiadores perseguidos, Julião dentre eles. Sendo reconhecido pela polícia após dias disfarçado, Julião é preso; depois de solto ainda passa um ano buscando exílio, até que se instala no México, mais especificamente em Cuernavaca onde faleceu na década de 90. 

O resto dos dirigentes camponeses não têm a mesma sorte do deputado e acabam tendo que fugir para não serem presos, trocando de identidade e indo para cidades escondidas no interior do nordeste. Dessa forma, as Ligas vão sendo desarticuladas e a repressão consegue por anos, e à custa de muito sangue, calar o movimento camponês combativo, especialmente no nordeste. A falta de uma vanguarda revolucionária e o atraso de algumas concepções decorrente da ausência dessa vanguarda, fez com que, ao culminar-se o golpe militar de 64 as Ligas não disparassem um tiro, dessa forma encerrou-se um importante capítulo do movimento camponês no Brasil. Como de praxe na ação do velho Estado, foi mais um capítulo encerrado à bala.

As Ligas Camponesas - Trabalhos para Escola
Ligas camponesas. Foto: Reprodução.
Movimento Estudantil

Um estudo sobre a educação física.

por MEPR
Publicado em agosto 5, 2021
17 minutos de leitura

Mao Tsé-Tung – 1917

Nossa nação está querendo mais força. O espírito militar não foi encorajado. A condição física da população se deteriora diariamente. Este é um fenômeno extremamente perturbador. Os promotores da educação física não compreenderam a essência do problema e, portanto, seus esforços, embora prolongados, não foram eficazes. Se esse estado continuar, nossa fraqueza aumentará ainda mais. Alcançar nossos objetivos e fazer sentir nossa influência são questões externas, resultados. O desenvolvimento de nossa força física é uma questão interna, uma causa. Se nossos corpos não são fortes, teremos medo assim que vemos soldados inimigos, e então como podemos alcançar nossos objetivos e nos tornarmos respeitados? A força depende de uma broca, e uma broca depende de um autoconhecimento. Os defensores da educação física não falharam em inventar vários métodos.

Se quisermos tornar a educação física eficaz, devemos influenciar as atitudes subjetivas das pessoas e estimulá-las a se tornarem conscientes da educação física. Se alguém se torna consciente do problema, um programa para educação física virá facilmente, e nós alcançaremos nossos objetivos e faremos com que nossa influência seja sentida naturalmente.

1. Uma Explicação da Educação Física

A educação física ajuda a manter a vida. Oriente e Ocidente diferem em suas interpretações. Chuang Tzu seguiu o exemplo do cozinheiro, Confúcio usou a lição do arqueiro e do cocheiro. Na Alemanha, a educação física ganhou a maior popularidade. A esgrima se espalhou por todo o país. O Japão tem o bushido. Além disso, recentemente, seguindo as tradições do nosso país, o judô se desenvolveu lá em um grau admirável. Quando examinamos esses exemplos, vemos que todos começam com o estudo da fisiologia.

2. O Lugar da Educação Física na nossa Vida

A educação física complementa a educação em virtude e conhecimento. Além disso, tanto a virtude quanto o conhecimento residem no corpo. Sem o corpo não haveria virtude nem conhecimento. Aqueles que entendem isso são raros. As pessoas enfatizam o conhecimento ou a moralidade. O conhecimento é certamente valioso, pois distingue o homem dos animais. Mas onde o conhecimento está contido? A moralidade também é valiosa; é a base da ordem social e da igualdade entre nós e os outros. Mas onde reside a virtude? É o corpo que contém conhecimento e abriga a virtude. Ele contém conhecimento como uma carruagem e abriga a moralidade como uma câmara. O corpo é a carruagem que contém conhecimento, a câmara que abriga a virtude. As crianças entram na escola primária quando atingem a idade adequada. Na escola primária, atenção especial deve ser dada ao desenvolvimento do corpo; O progresso no conhecimento e no treinamento moral são de importância secundária. Nutrição e cuidado devem ser primários, ensino e disciplina complementares. Atualmente, a maioria das pessoas não sabe disso, e o resultado é que as crianças ficam doentes, ou até morrem jovens, por causa do estudo. No ensino médio e superior, a tensão deve ser colocado igualmente em todos os três aspectos da educação. Atualmente, a maioria das pessoas enfatiza o conhecimento. Durante os anos do ensino médio, o desenvolvimento do corpo ainda não está concluído. Uma vez que hoje os fatores que favorecem o desenvolvimento físico são poucos, e aqueles que o impedem de numerosos, o desenvolvimento físico não tende a cessar? No sistema educacional do nosso país, os cursos exigidos são tão espessos quanto os cabelos de uma vaca. Mesmo um adulto com um corpo forte e forte não suportaria isso, muito menos aqueles que não atingiram a idade adulta, ou aqueles que são fracos. Especulando sobre as intenções dos educadores, somos levados a pensar se eles não projetaram um currículo tão pesado para exaurir os estudantes, pisotear seus corpos e arruinar suas vidas … Que estupidez! A única calamidade que pode acontecer a um homem é não ter um corpo. O que mais há para se preocupar? Se alguém procura melhorar o corpo, outras coisas seguirão automaticamente. Para a melhoria do corpo, nada é mais eficaz que a educação física. O desenvolvimento físico tende a cessar? No sistema educacional do nosso país, os cursos exigidos são tão espessos quanto os cabelos de uma vaca. Mesmo um adulto com um corpo forte e forte não suportaria isso, muito menos aqueles que não atingiram a idade adulta, ou aqueles que são fracos. Especulando sobre as intenções dos educadores, somos levados a pensar se eles não projetaram um currículo tão pesado para exaurir os estudantes, pisotear seus corpos e arruinar suas vidas … Que estupidez! A única calamidade que pode acontecer a um homem é não ter um corpo. O que mais há para se preocupar? Se alguém procura melhorar o corpo, outras coisas seguirão automaticamente. Para a melhoria do corpo, nada é mais eficaz que a educação física. O desenvolvimento físico tende a cessar? No sistema educacional do nosso país, os cursos exigidos são tão espessos quanto os cabelos de uma vaca. Mesmo um adulto com um corpo forte e forte não suportaria isso, muito menos aqueles que não atingiram a idade adulta, ou aqueles que são fracos. Especulando sobre as intenções dos educadores, somos levados a pensar se eles não projetaram um currículo tão pesado para exaurir os estudantes, pisotear seus corpos e arruinar suas vidas … Que estupidez! A única calamidade que pode acontecer a um homem é não ter um corpo. O que mais há para se preocupar? Se alguém procura melhorar o corpo, outras coisas seguirão automaticamente. Para a melhoria do corpo, nada é mais eficaz que a educação física. os cursos exigidos são tão grossos quanto os cabelos de uma vaca. Mesmo um adulto com um corpo forte e forte não suportaria isso, muito menos aqueles que não atingiram a idade adulta, ou aqueles que são fracos. Especulando sobre as intenções dos educadores, somos levados a pensar se eles não projetaram um currículo tão pesado para exaurir os estudantes, pisotear seus corpos e arruinar suas vidas … Que estupidez! A única calamidade que pode acontecer a um homem é não ter um corpo. O que mais há para se preocupar? Se alguém procura melhorar o corpo, outras coisas seguirão automaticamente. Para a melhoria do corpo, nada é mais eficaz que a educação física. os cursos exigidos são tão grossos quanto os cabelos de uma vaca. Mesmo um adulto com um corpo forte e forte não suportaria isso, muito menos aqueles que não atingiram a idade adulta, ou aqueles que são fracos. Especulando sobre as intenções dos educadores, somos levados a pensar se eles não projetaram um currículo tão pesado para exaurir os estudantes, pisotear seus corpos e arruinar suas vidas … Que estupidez! A única calamidade que pode acontecer a um homem é não ter um corpo. O que mais há para se preocupar? Se alguém procura melhorar o corpo, outras coisas seguirão automaticamente. Para a melhoria do corpo, nada é mais eficaz que a educação física. Especulando sobre as intenções dos educadores, somos levados a pensar se eles não projetaram um currículo tão pesado para exaurir os estudantes, pisotear seus corpos e arruinar suas vidas … Que estupidez! A única calamidade que pode acontecer a um homem é não ter um corpo. O que mais há para se preocupar? Se alguém procura melhorar o corpo, outras coisas seguirão automaticamente. Para a melhoria do corpo, nada é mais eficaz que a educação física. Especulando sobre as intenções dos educadores, somos levados a pensar se eles não projetaram um currículo tão pesado para exaurir os estudantes, pisotear seus corpos e arruinar suas vidas … Que estupidez! A única calamidade que pode acontecer a um homem é não ter um corpo. O que mais há para se preocupar? Se alguém procura melhorar o corpo, outras coisas seguirão automaticamente. Para a melhoria do corpo, nada é mais eficaz que a educação física. A educação física ocupa realmente o primeiro lugar em nossas vidas. Quando o corpo é forte, pode-se avançar rapidamente no conhecimento e na moralidade e colher vantagens de longo alcance . Deve ser considerado como uma parte importante do nosso estudo. A aprendizagem tem suas partes essenciais e acessórias, e os assuntos têm seu fim e seu começo. Saber o que é primeiro e o que é último nos aproximará do caminho apropriado. [Do ‘O Grande Aprendizado’, um dos quatro clássicos confucionistas]. Isso é exatamente o que pretendo dizer.

3. Abusos Anteriores da Educação Física e meu Método para Remediá-los

As três formas de educação são igualmente importantes; os estudantes até agora prestaram muita atenção à educação moral e intelectual, mas negligenciaram a educação física. A infeliz consequência foi que eles dobraram as costas e abaixaram a cabeça; eles têm “mãos brancas e finas” [de dezenove poemas antigos, uma famosa coleção de poemas da dinastia Han]; quando sobem uma colina ficam sem fôlego e, quando andam na água, ficam com cãibras nos pés. É por isso que Yen Tzu teve uma vida curta e Chia eu morri jovem. Quanto a Wang Po e Lu Chao-lin, um morreu jovem e o outro ficou paralítico. Todos estes eram homens de altas realizações em moralidade e conhecimento. Mas chega o dia em que o corpo não pode ser preservado. e então a moralidade e a sabedoria são destruídas junto com ela. Somente os homens do Norte podem “se deitar sob os braços e enfrentar a morte sem arrependimento”. [Da Doutrina da Média, um dos clássicos confucionistas]. Nas regiões de Yen e Chao havia muitos heróis, e mártires e guerreiros vinham muitas vezes de Liangchow. No início da dinastia Ch’ing, Yen Hsi-chai e Li Kangchu praticavam as artes literária e militar. Yen Hsi-chai viajou mais de mil li (cerca de 0,5 km) para o norte da Grande Muralha para aprender a arte da esgrima. Ele lutou com bravos soldados e venceu. Por isso, ele disse: “Se alguém não tem a arte literária ou militar, este é o verdadeiro caminho?” … No que diz respeito aos alunos, a instalação de uma escola e a instrução dada por seus professores são apenas aspecto externo e objetivo. Nós também temos o aspecto interno, o subjetivo. Quando a decisão é tomada em seu coração, todas as partes do corpo obedecem às suas ordens. Fortuna e infortúnio são de nossa própria busca. “Eu desejo ser virtuoso, e eis que a virtude está próxima”. [Dos analectos confucionistas . Quanto mais isso é verdade da educação física! Se não temos a vontade de agir, então, mesmo que o exterior e o objetivo sejam perfeitos, eles ainda não podem nos beneficiar. Assim, quando falamos de educação física, devemos começar com iniciativa individual.

4. A Utilidade da Educação Física

Porque o homem é um animal, o movimento é mais importante para ele. E porque ele é um animal racional, seus movimentos devem ter uma razão. Mas por que o movimento é merecedor de estima? Por que o movimento racional é merecedor de estima? Dizer que o movimento ajuda a ganhar a vida é trivial. Dizer que o movimento protege a nação é elevado. No entanto, também não é a razão básica. O objetivo do movimento é simplesmente preservar nossa vida e alegrar nossos corações. Chu Hsi enfatiza o respeito e Lu Chiu-yuan enfatiza a tranquilidade. A tranquilidade é tranquila e o respeito não é ação; é meramente tranquilo. Lao Tzu disse que a imobilidade era o objetivo final; o Buda procurou silêncio e métodos de contemplação. A arte da contemplação é estimada pelos discípulos de Chu e Lu. Recentemente houve aqueles que, seguindo estes mestres, falaram de métodos de contemplação, gabou-se da eficácia de seus métodos e expressou desprezo pelos que se exercitam, arruinando assim seus próprios corpos. Este é talvez um caminho, mas eu não me arriscaria a imitá-lo. Na minha humilde opinião, existe apenas movimento no céu e na terra.

Muitas vezes se ouve dizer que a mente e o corpo não podem ser perfeitos ao mesmo tempo, que aqueles que usam suas mentes são deficientes em saúde física e aqueles com um corpo robusto são geralmente deficientes em capacidades mentais. Esse tipo de conversa também é absurdo e se aplica apenas àqueles que são fracos na vontade e fracos na ação, o que geralmente não é o caso dos homens superiores. Confúcio morreu aos setenta e dois anos e não ouvi dizer que o corpo dele não fosse saudável. O Buda viajou continuamente, pregando sua doutrina e morreu em uma idade avançada. Jesus teve a infelicidade de morrer injustamente. Quanto a Maomé, ele subjugou o mundo segurando o Alcorão na mão esquerda e uma espada na direita. Todos esses homens foram chamados de sábios e estão entre os maiores pensadores …

A educação física não apenas fortalece o corpo, mas também aumenta nosso conhecimento. Há um ditado: civilize a mente e faça o corpo selvagem. Este é um ditado adequado. Para civilizar a mente, é preciso primeiro tornar selvagem o corpo. Se o corpo for feito selvagem, então a mente civilizada seguirá. O conhecimento consiste em conhecer as coisas do mundo e em discernir suas leis. Nesta questão, devemos confiar em nosso corpo, porque a observação direta depende dos ouvidos e dos olhos, e a reflexão depende do cérebro. As orelhas e os olhos, assim como o cérebro, podem ser considerados partes do corpo. Quando o corpo é perfeito, o conhecimento também é perfeito. Daí pode-se dizer que o conhecimento é adquirido indiretamente através da educação física. A força física é necessária para empreender o estudo das numerosas ciências modernas, seja na escola ou através de estudos independentes. Aquele que é igual a isto é o homem com um corpo forte; aquele que não é igual a ele é o homem com um corpo fraco. A divisão entre o forte e o fraco determina a área de responsabilidades que cada um pode assumir.

A educação física não apenas aprimora o conhecimento. também harmoniza os sentimentos. O poder dos sentimentos é extremamente grande. Os antigos tentaram discipliná-los com a razão. Por isso eles pediram. ‘É o mestre [ie. razão] sempre alerta? Eles também disseram: ‘Deve-se disciplinar o coração com a razão’. Mas a razão procede do coração. e o coração reside no corpo. Muitas vezes observamos que os fracos são escravizados por seus sentimentos e são incapazes de dominá-los. Aqueles cujos sentidos são imperfeitos ou cujos membros são defeituosos são frequentemente escravizados pela paixão excessiva, e a razão é incapaz de salvá-los. Por isso, pode ser chamado de uma lei invariável que, quando o corpo é perfeito e saudável, os sentimentos também são corretos.

A educação física não apenas harmoniza as emoções, mas também fortalece a vontade. A grande utilidade da educação física reside justamente nisso. O principal objetivo da educação física é o heroísmo militar. Tais objetos de heroísmo militar como coragem, destreza, audácia e perseverança são assuntos de vontade. Deixe-me explicar isso com um. exemplo. Lavar nossos pés em água gelada nos faz adquirir coragem e destemor, bem como audácia. Em geral, qualquer forma de exercício, se exercida continuamente. ajudará a nos treinar na perseverança. A corrida de longa distância é um treinamento particularmente bom em perseverança. ‘Minha força desenraizou montanhas. minha energia dominou o mundo ‘[de um poema atribuído a Hsiang Yu] – isso é coragem. ‘Se eu não decapitar o Lou Lan, eu juro que não vou voltar’ – isso é destemido. Para substituir a família pela nação – isso é audácia. ‘[Yu] estava fora de casa por oito anos e, embora tenha passado três vezes pela porta, não entrou’ [referência a Mencius] – isso é perseverança. Tudo isso pode ser realizado apenas com base na educação física diária. A vontade é o antecedente da carreira de um homem.

Aqueles cujos corpos são pequenos e frágeis são irreverentes em seu comportamento. Aqueles cuja pele é frouxa são macias e sem brilho na vontade. Assim o corpo influencia a mente. O objetivo da educação física é fortalecer: os músculos e os ossos; como resultado, o conhecimento é aprimorado, os sentimentos são harmonizados e a vontade é fortalecida. Os músculos e os ossos pertencem ao nosso corpo; sentimentos de conhecimento, e pertencerá ao nosso coração. Quando tanto o corpo quanto o coração estão à vontade, pode-se falar em perfeita harmonia. Portanto, a educação física nada mais é do que nutrir nossas vidas e alegrar nossos corações.

5. Razões para o Exercício de Deslocamento

O exercício é a parte mais importante da educação física. Atualmente, os estudantes geralmente não gostam de exercícios. Há quatro razões para isso:

  1. elas não têm autoconsciência. Se uma coisa deve ser colocada em prática, primeiro é preciso ter prazer nela. É preciso entender em detalhes os porquês e os motivos. Para saber em detalhes, os porquês e o motivos são autoconsciência. As pessoas geralmente não conhecem a inter-relação entre o exercício e elas mesmas – ou podem conhecê-lo em termos gerais, mas não intimamente …
  2. Elas não podem mudar seus hábitos há muito estabelecidos. Nosso país sempre enfatizou a realização literária. As pessoas coram para usar roupas curtas. [O modo de vestir dos espadachins do rei Wen de Chao, de acordo com um capítulo do clássico taoista Chuang Tzu. Portanto, há o ditado comum: “Um homem bom não se torna um soldado” …
  3. O exercício não foi propagado com força …
  4. Os alunos sentem que o exercício é vergonhoso. De acordo com minha humilde observação, esta é realmente a principal razão para não gostar de exercícios.

Roupas fluidas, um passo lento, um olhar sério e calmo – constituem um excelente comportamento, respeitado pela sociedade. Por que alguém deveria estender de repente um braço ou expor uma perna, alongar-se e abaixar-se? Isso não é estranho? Portanto, há aqueles que sabem bem que seu corpo precisa se exercitar e, além disso, desejam muito fazê-lo, mas não podem. Há aqueles que podem se exercitar apenas com um grupo, não por si mesmos, e aqueles que podem se exercitar em privacidade, mas não em público. Em suma, tudo isso é devido a sentimentos de vergonha. Todos os quatro são motivos para não gostar de exercício. O primeiro e o quarto são subjetivos, e modificá-los depende de nós mesmos; o segundo e terceiro são objetivos, e mudá-los depende dos outros: “O que o homem superior procura é em si mesmo” [Analectos] , o que depende dos outros é de menor importância.

6. Os Métodos de Exercício Deverão ser Poucos

Tseng Wen-cheng lavou os pés antes de ir para a cama e caminhou mil passos após as refeições, beneficiando-se bastante com esse método. Havia um homem de oitenta anos que ainda era saudável. Ao ser perguntado como ele mantinha sua saúde, ele respondeu: ‘Eu não como refeições saudáveis, só isso.’ Hoje em dia os métodos de exercício são muito diversos, mais do que eu posso contar. Mas, embora possa haver vários escores ou mesmo centenas, “Um ramo na floresta é suficiente para a ave se alojar e, se beber no rio, não bebe mais do que seu estômago pode suportar. ‘[De Chuang Tzu] Temos apenas esse corpo e apenas esses sentidos, ossos, vísceras e veias. Embora existam várias centenas de métodos de exercício, todos eles visam melhorar a circulação do sangue. Se um método puder realizar isso, o resultado de cem métodos será o mesmo de um. Portanto, os outros noventa e nove métodos podem ser dispensados. ‘Nossos olhos podem ver apenas uma coisa de cada vez; nossos ouvidos ouvem apenas um som de cada vez. [De Hsun Tzu, um ‘realista’ confucionista]. Empregar cem métodos diferentes para treinar os músculos e os ossos só os perturba ….

7. Os Pontos em que nós Devemos Prestar Atenção quando nos Exercitamos

Nós devemos ter perseverança em todas as coisas. O exercício não é exceção. Suponha que haja dois homens que se exercitem. A pessoa pratica e depois pára, a outra é incansável em sua prática. Certamente haverá uma diferença nos resultados. Em primeiro lugar, a perseverança no exercício gera interesse. Em geral, aquilo que está em repouso não pode se pôr em movimento; deve haver algo para movê-lo. E isso algo só pode ser interesse ….

O interesse surge do exercício diário incessante. A melhor maneira é se exercitar duas vezes ao dia – ao se levantar e antes de ir para a cama – nua; a próxima melhor maneira é usar roupas leves. Demasiada roupa impede o movimento. Se alguém faz isso diariamente, a ideia de exercício está continuamente presente e nunca é interrompida. O exercício de hoje é uma continuação do exercício de ontem e, portanto, leva ao exercício de amanhã. Os períodos de exercícios individuais não precisam ser longos; trinta minutos são suficientes. Desta forma, um certo interesse surgirá naturalmente. Em segundo lugar, a perseverança no exercício pode criar prazer. Exercitar-se durante muito tempo pode produzir grandes resultados e dar origem a um sentimento de valor pessoal. Como resultado, poderemos estudar com alegria e todos os dias veremos algum progresso em nossa virtude. Nosso coração está cheio de alegria ilimitada porque perseveramos e obtivemos um resultado. Prazer e interesse são distintos. O interesse é a origem do exercício e prazer sua consequência. Interesse surge da ação e prazer do resultado. Os dois são naturalmente diferentes.

Perseverança sem concentração de mente dificilmente pode produzir resultados. Se olharmos as flores de um cavalo galopante, embora possamos olhar diariamente, é como não tê-las visto. Se o coração de uma pessoa segue um cisne no céu, ele não pode competir com a pessoa que já estudou cuidadosamente. Portanto, deve-se concentrar todo o esforço do indivíduo no exercício. Durante o exercício, a mente deve estar no exercício. Pensamentos ociosos e confusos devem ser postos de lado …

O comportamento do homem superior é cultivado e agradável, mas não se pode dizer isso sobre exercício. O exercício deve ser selvagem e rude. Ser capaz de pular a cavalo e atirar ao mesmo tempo; ir de batalha para batalha; sacudir as montanhas com os gritos e as cores do céu pelos rugidos de raiva; ter a força para erradicar montanhas como Hsiang Yu e a audácia de perfurar a marca como Yu Chi – tudo isso é selvagem e rude e não tem nada a ver com delicadeza. Para progredir no exercício, é preciso ser selvagem. Se alguém for selvagem, terá um grande vigor e músculos e ossos fortes. O método de exercício deve ser rude; então pode-se aplicar a sério e será fácil exercitar-se. Essas duas coisas são especialmente importantes para iniciantes.

Há três coisas a que devemos prestar atenção no exercício:

  1. perseverança,
  2. concentração de toda a nossa força e
  3. ser selvagem e rude.

Existem muitas outras coisas que requerem atenção. Aqui eu apenas indiquei os mais importantes ….

Movimento Estudantil

Editorial semanal – A crise está delineando o seu desfecho

por MEPR
Publicado em agosto 4, 2021
8 minutos de leitura

Reproduziremos a seguir o editorial semanal do jornal A Nova Democracia publicado em 03/08/2021.

Jair Bolsonaro durante manifestação da extrema-direita em março de 2020. Foto: Reprodução

As últimas manifestações bolsonaristas, de 1º de agosto, indicam o enfraquecimento político do presidente fascista. Não chegou a ocorrer em todas as capitais e sensivelmente menores que em outros momentos. Enquanto isso, “vaza” na imprensa monopolista as “sugestões” feitas por um general da reserva a Mourão, de que este renuncie, ao que respondeu: “Nunca abandonei uma missão”.

É claro que a relação entre os generais golpistas e anticomunistas com este arremedo de chefete fascista não é harmônica. É de pugna e conluio, para decidir, no terreno, qual linha golpista prevalecerá à cabeça da ofensiva contrarrevolucionária preventiva. Porém, as condições do terreno não dizem respeito apenas às consciências das forças em luta, mas também às condições externas que estas não controlam.

Por que, ainda assim, enfraquecido, Bolsonaro insiste em apregoar – e agora, aventura-se na tentativa de mobilizar massas – sobre a urna de cédulas, em contraposição à eletrônica? Por que o faz enquanto, paradoxalmente, entrega cargos-chaves do governo à centro-direita (o mal chamado “centrão”)? Ora, porque Bolsonaro tem a correta perspectiva do ponto de vista reacionário, de que o Brasil marcha ao caos e à guerra civil – situação pela qual ele mesmo labora e conspira. E ele sabe – melhor do que os articulistas liberais reacionários míopes – que, independente de sua atuação, esse é mesmo o destino do Brasil. Seu trabalho na presidência é, por assim dizer, precipitar o caos enquanto for mandatário, para que ele possa encabeçar o inevitável processo no qual desembocará a nação, mais tempo, menos tempo: o regime militar fascista.

Eis onde está a complexa tarefa fascista de Bolsonaro: criar instabilidade e manter-se no governo. Paradoxal, é verdade; mas absolutamente lógica. Ameaça a realização das eleições para conturbar institucionalmente o país – dentro do contexto de profunda recessão do capitalismo burocrático, ainda não superado desde 2015, e de condensado material social explosivo com a miséria das massas – laborando pelo caos e, simultaneamente, busca ancorar-se no governo.

O que distingue-lhe dos generais? Que estes não têm interesse em precipitar o caos, inevitável, mas adiá-lo e mesmo esperam poder evitá-lo mediante o golpe por vias constitucionais, assim definido em suas diretrizes pelo ex-comandante do Exército reacionário Villas-Boas: “atuar com legalidade, legitimidade, estabilidade”, tudo pelo cumprimento de três tarefas reacionárias – na economia por impulsionar o decomposto capitalismo burocrático, na política com reestruturação do velho Estado para a centralização máxima do poder no Executivo e a criminalização do protesto popular e sua repressão preventiva por conjurar o perigo de revolução, buscando impedir ou aplastar o inevitável levante de massas e o início de uma Grande Revolução.

O monopólio de imprensa nunca teve nenhum interesse em açoitar, em bloco, Bolsonaro e os generais como golpistas, pois sabem – como parte do núcleo-duro do establishment que são – que ambos disputam linhas diferentes que, apenas taticamente, podem (pela força dos fatores externos, mais do que pela simpatia mútua!) convergir. Mas, agora, abundam generalizações, quando surgem ameaças – como a de Braga Netto – e contemporizações dos generais sobre mudar o tipo de urna (observemos que os generais são apenas intransigentes, agora, com o cancelamento das eleições, que diante da agitação bolsonarista lhes foi uma posição obrigatória) e nas ameaças seríssimas quando a CPI aponta indícios de crimes de corrupção desde o alto da hierarquia militar (pois isso deslegitima as Forças Armadas como solucionadora, em última instância, da anarquia da corrupção). Seria tudo isso indício de que tais fatores externos estão condicionando uma convergência rigorosamente tática e momentânea, a saber, deixar aberta a porta para questionar o resultado da farsa eleitoral se se confirma um resultado desastroso para o plano dos generais?

Quais fatores externos são esses, no fim das contas? O perigo de estancamento da ofensiva contrarrevolucionária – em suas três tarefas – que deve ser preventiva (preventiva ao caos e ao perigo de sublevação social, só evitável no curtíssimo prazo se cumpridas as tarefas reacionárias), que se agravaria sobremaneira se do resultado eleitoral saísse algo que fugisse completamente aos planos do ACFA, e que ainda precisa preocupar-se com a unidade interna de suas armas.

A questão-chave e elo central na situação política é precisamente a colina das massas populares. É o fato de esta estar crescentemente se aglutinando sob a luz incandescente da estratégia do proletariado revolucionário, enquanto abundam condições de desgraças sociais que empurram as multidões para uma ação histórica independente e, a reação, para uma visceral divisão interna crescente. Essa convergência de fatores, extraordinária e ímpar na história da Nação nesta qualidade, torna inevitável o regime militar. Quanto mais se agrava a crise política, mais os embates empurrarão a polarização na sociedade entre a ofensiva contrarrevolucionária – que se debate em contradições internas – e a revolução – que fermenta crescentemente entre as massas golpeadas impiedosamente por esta crise e sob o tacão do impopular governo militar genocida do fascista Bolsonaro. Mais do que nunca urge mobilizar as massas do campo e cidade em defesa de seus mais sentidos interesses e direitos pisoteados e pela Nova Democracia.

As últimas manifestações bolsonaristas, de 1º de agosto, indicam o enfraquecimento político do presidente fascista. Não chegou a ocorrer em todas as capitais e sensivelmente menores que em outros momentos. Enquanto isso, “vaza” na imprensa monopolista as “sugestões” feitas por um general da reserva a Mourão, de que este renuncie, ao que respondeu: “Nunca abandonei uma missão”.

É claro que a relação entre os generais golpistas e anticomunistas com este arremedo de chefete fascista não é harmônica. É de pugna e conluio, para decidir, no terreno, qual linha golpista prevalecerá à cabeça da ofensiva contrarrevolucionária preventiva. Porém, as condições do terreno não dizem respeito apenas às consciências das forças em luta, mas também às condições externas que estas não controlam.

Por que, ainda assim, enfraquecido, Bolsonaro insiste em apregoar – e agora, aventura-se na tentativa de mobilizar massas – sobre a urna de cédulas, em contraposição à eletrônica? Por que o faz enquanto, paradoxalmente, entrega cargos-chaves do governo à centro-direita (o mal chamado “centrão”)? Ora, porque Bolsonaro tem a correta perspectiva do ponto de vista reacionário, de que o Brasil marcha ao caos e à guerra civil – situação pela qual ele mesmo labora e conspira. E ele sabe – melhor do que os articulistas liberais reacionários míopes – que, independente de sua atuação, esse é mesmo o destino do Brasil. Seu trabalho na presidência é, por assim dizer, precipitar o caos enquanto for mandatário, para que ele possa encabeçar o inevitável processo no qual desembocará a nação, mais tempo, menos tempo: o regime militar fascista.

Eis onde está a complexa tarefa fascista de Bolsonaro: criar instabilidade e manter-se no governo. Paradoxal, é verdade; mas absolutamente lógica. Ameaça a realização das eleições para conturbar institucionalmente o país – dentro do contexto de profunda recessão do capitalismo burocrático, ainda não superado desde 2015, e de condensado material social explosivo com a miséria das massas – laborando pelo caos e, simultaneamente, busca ancorar-se no governo.

O que distingue-lhe dos generais? Que estes não têm interesse em precipitar o caos, inevitável, mas adiá-lo e mesmo esperam poder evitá-lo mediante o golpe por vias constitucionais, assim definido em suas diretrizes pelo ex-comandante do Exército reacionário Villas-Boas: “atuar com legalidade, legitimidade, estabilidade”, tudo pelo cumprimento de três tarefas reacionárias – na economia por impulsionar o decomposto capitalismo burocrático, na política com reestruturação do velho Estado para a centralização máxima do poder no Executivo e a criminalização do protesto popular e sua repressão preventiva por conjurar o perigo de revolução, buscando impedir ou aplastar o inevitável levante de massas e o início de uma Grande Revolução.

O monopólio de imprensa nunca teve nenhum interesse em açoitar, em bloco, Bolsonaro e os generais como golpistas, pois sabem – como parte do núcleo-duro do establishment que são – que ambos disputam linhas diferentes que, apenas taticamente, podem (pela força dos fatores externos, mais do que pela simpatia mútua!) convergir. Mas, agora, abundam generalizações, quando surgem ameaças – como a de Braga Netto – e contemporizações dos generais sobre mudar o tipo de urna (observemos que os generais são apenas intransigentes, agora, com o cancelamento das eleições, que diante da agitação bolsonarista lhes foi uma posição obrigatória) e nas ameaças seríssimas quando a CPI aponta indícios de crimes de corrupção desde o alto da hierarquia militar (pois isso deslegitima as Forças Armadas como solucionadora, em última instância, da anarquia da corrupção). Seria tudo isso indício de que tais fatores externos estão condicionando uma convergência rigorosamente tática e momentânea, a saber, deixar aberta a porta para questionar o resultado da farsa eleitoral se se confirma um resultado desastroso para o plano dos generais?

Quais fatores externos são esses, no fim das contas? O perigo de estancamento da ofensiva contrarrevolucionária – em suas três tarefas – que deve ser preventiva (preventiva ao caos e ao perigo de sublevação social, só evitável no curtíssimo prazo se cumpridas as tarefas reacionárias), que se agravaria sobremaneira se do resultado eleitoral saísse algo que fugisse completamente aos planos do ACFA, e que ainda precisa preocupar-se com a unidade interna de suas armas.

A questão-chave e elo central na situação política é precisamente a colina das massas populares. É o fato de esta estar crescentemente se aglutinando sob a luz incandescente da estratégia do proletariado revolucionário, enquanto abundam condições de desgraças sociais que empurram as multidões para uma ação histórica independente e, a reação, para uma visceral divisão interna crescente. Essa convergência de fatores, extraordinária e ímpar na história da Nação nesta qualidade, torna inevitável o regime militar. Quanto mais se agrava a crise política, mais os embates empurrarão a polarização na sociedade entre a ofensiva contrarrevolucionária – que se debate em contradições internas – e a revolução – que fermenta crescentemente entre as massas golpeadas impiedosamente por esta crise e sob o tacão do impopular governo militar genocida do fascista Bolsonaro. Mais do que nunca urge mobilizar as massas do campo e cidade em defesa de seus mais sentidos interesses e direitos pisoteados e pela Nova Democracia.

Movimento Estudantil

Editorial semanal – Cortina de fumaça

por MEPR
Publicado em julho 29, 2021
6 minutos de leitura

Reproduziremos a seguir o editorial semanal do jornal A Nova Democracia publicado em 27/07/2021.

Causou enorme alarde, na semana passada, a denúncia veiculada em “O Estado de São Paulo” segundo a qual o Ministro da Defesa, Walter Braga Netto, teria ameaçado o Presidente da Câmara, caso este não pautasse a PEC do voto impresso. Segundo aquele jornal, o militar teria dito, por meio de um interlocutor, que “sem voto impresso não haverá eleição em 2022”.

De cara, é preciso que se façam duas ressalvas: em primeiro lugar, os democratas e revolucionários não podem tomar como verdade absoluta nem uma linha sequer saída dos monopólios de imprensa, dos dirigentes das classes dominantes ou dos seus porta-vozes oficiais e oficiosos. Ainda mais, num cenário de crise e divisão profundíssima, em que as deserções e manobras diversionistas avultam no campo inimigo, absorvido por feroz luta intestina.

Em segundo lugar, e mais importante, caso tal declaração tenha ocorrido naqueles termos – e tudo indica que, sim, tratou-se a ameaça de um fato, de tal modo que até o senhor oficial-general da reserva Santos Cruz, hoje antibolsonarista ferrenho, ter se indignado com tamanha “politização dos quartéis”, indignação que não exporia se não soubesse, por fontes seguras, se tratar de fato concreto o disparate de Braga Netto – ela não é mais contundente do que as que vieram a público, pela ordem que arquivou a denúncia contra Pazuello (por ter participado em comício político, o que é vedado pela lei) e impôs sigilo de um século sobre seus trâmites internos. Sem mencionar a Nota assinada pelo mesmo Ministro e pelos comandantes das Forças Armadas a 7 de julho, repreendendo com dureza uma tímida fala do presidente da CPI, Omar Aziz.

O fato concreto é que, no mesmo dia em que os monopólios de imprensa vazaram dita ameaça do Ministro da Defesa, Bolsonaro loteou de vez o governo, guindando Ciro Nogueira à condição de Ministro. Por que alguém em condições de dar um golpe de Estado faria semelhante manobra, a fim de salvar o mandato – e a liberdade – ao custo de grande desmoralização perante sua própria base? Não é, por acaso, o caso claro de um governo fraco, que se vê obrigado a manter-se às custas de gordos subornos enquanto espera e labora por novas condições, de caos, que lhe propicie arrastar os generais? Não é a suposta ameaça de Braga Netto, tal como a anterior veiculada em nota conjunta dos comandos das três forças, uma tentativa de coagir a “quem interessar” a não apontar a CPI contra as Forças Armadas? E mais: não seria um posicionamento mais que lhes permitam questionar o resultado das próximas eleições, caso a marcha dos acontecimentos lhes obriguem a desrespeitá-las? Não foi por acaso essa dita ameaça a mesma que declarou o então comandante do Exército general Villas-Bôas, às vésperas das eleições de 2018, quando do incidente da facada em Bolsonaro, ao dizer que “o próximo governo” assumiria “sem legitimidade”?

No fim das contas, tanto a nota do dia 7 quanto o suposto recado de Netto são menos uma defesa de Bolsonaro, que das próprias Forças Armadas como corporação intocável (quase uma casta), medula do velho Estado reacionário. Isto porque torna-se cada vez mais escancarada sua natureza genocida e corrupta; não apenas sua cumplicidade, como seu protagonismo no morticínio de mais de 550 mil brasileiros em pouco mais de um ano, além das benesses acumuladas pelos oficiais-generais, que geram descontentamento entre a própria soldadesca. Apenas no mês de julho, os Três Patetas – Heleno, Ramos e Braga Netto – acumularam, cada um, salários superiores a 100 mil reais. São estes privilégios indecentes, e o manto de silêncio sobre seus crimes seculares, que os gorilas defendem. Na verdade, o governo militar é um fato, está aí, escancarado, para quem quiser ver, instalado a despeito das eleições, e até legitimado por elas, situação ideal para o desdobramento do golpe. É o que tem dito AND, desde 2017.

O oportunismo, como parte da velha ordem, aproveita-se desta cortina de fumaça para converter o legítimo espírito de insatisfação popular em dóceis marchas pela “legalidade”, e mesmo em defesa, vejam só, das urnas eletrônicas, sem dúvida mais vulneráveis a manipulações externas do que as cédulas de papel. De todo modo, o mecanismo, em si, pouco importa: não há democracia genuína fundada sobre o latifúndio, a grande burguesia e o imperialismo. Sob o tacão destes monopólios, as eleições não podem ser mais do que uma farsa. A propósito, uma das vozes que repercutiu a declaração de Braga Netto foi a do Embaixador ianque Todd Chapman, para quem “o compromisso com a democracia deve ser visto como inegociável” e “o câncer do Brasil não é o golpe, mas a corrupção”, citando apenas casos praticados pelos governos petistas. Como se vê, a democracia brasileira, para ele, é parte dos seus negócios; isso não significa que não apoiam o golpe militar em curso, desde que se apresente, de forma minimamente convincente, por porta-voz da democracia, ainda que desemboque num outro regime, e desde que sirva a seus planos para América Latina.

Aqui, faz-se necessária uma ressalva histórica. Não é em quaisquer condições que quarteladas podem vencer e mais específicas ainda àquelas nas quais podem se manter; nem dependem da mera vontade, ou mesmo da convicção, de uns quantos celerados. Mais de uma vez, a vida política nacional registrou movimentos golpistas deste tipo serem derrotados pelos seus próprios pares – o que fez parecer a muitos que havia um lado “progressista” nas Forças Armadas, quando tal arbitragem, na verdade, era apenas uma expressão da tutela destas sobre a nossa republiqueta bananeira como um todo. Após cada tentativa golpista frustrada, seus líderes eram anistiados – padrão totalmente distinto do aplicado contra os levantamentos de caráter popular e revolucionário – e o poder dos senhores generais “legalistas” reforçava-se tremendamente. Isto ocorreu muitas vezes, como após o levante integralista em 1938, na “Novembrada” em 1955, nos episódios envolvendo a renúncia de Jânio em 1961, na derrotada ameaça à “reabertura” feita pelo general Sylvio Frota em 1977. No atual cenário, caso a extrema-direita bolsonarista se precipite na tentativa de consumar o golpe de Estado, para evitar a derrota e a eventual prisão do seu chefe, o mais provável é que ocorra um desenlace deste tipo.

Isso significa que não há nenhuma possibilidade da instalação de um regime militar escancarado? Não. Enquanto perdure uma ordem fundada na opressão da imensa maioria de trabalhadores por uma ínfima minoria de latifundiários e rentistas, aquela possibilidade sempre existirá. Basta que a crise desemboque em desordem crescente para que esse generalato anticomunista e americanófilo veja no regime militar única forma de manter a unidade das Forças Armadas e de levar a cabo as três tarefas reacionárias de salvação do sistema de exploração e opressão ameaçado de colapso. Basta que o povo brasileiro se insurja contra esta tirania secular, ainda mais, se isto for parte de uma estratégia e não mera explosão isolada de revolta, a reação não hesitará em usar todas as suas armas para afogar em sangue os rebelados. Esta “linha vermelha” é a generalização do que os milicos chamam de “desordem social” e “anomia”, e nós chamamos de aprofundamento da situação revolucionária. Mas mesmo esta saída extrema não prescindirá dos demagogos de plantão e dos politiqueiros oportunistas, que tentarão antes fazer as massas se renderem, em nome da defesa da “legalidade”. Que não é outra coisa, a não ser a paz dos cemitérios.

Portanto, não é em defesa das eleições que devemos nos manifestar, nem desta velha e postiça democracia. A defesa da “democracia” oligárquico-senhorial – na verdade, uma sangrenta ditadura sobre as massas – é incapaz de comover a imensa maioria, fato comprovado pelo esvaziamento dos protestos do último dia 24. Os operários, camponeses e intelectuais devem se manifestar enérgica e radicalmente em defesa das liberdades democráticas, sempre ameaçadas – quando não suprimidas – na vigência dessa velha ordem. Liberdades democráticas estas que só poderão ser plenamente asseguradas num novo regime, de Democracia Popular ou Nova Democracia. Esta não está ameaçada, pois que ainda está por vir. E virá.

General Braga Netto. Foto: Sérgio Lima
Movimento Estudantil

Colômbia: Juventude combatente se rebela no dia da “Independência” colombiana.

por MEPR
Publicado em julho 27, 2021
2 minutos de leitura

Matéria publicada pelo jornal A Nova Deocracia em 26/07/21. Por Giovanna Schaidhauer.

Um massivo e combativo protesto convocado pela juventude revolucionária da Colômbia foi realizado em Medellín no dia 20 de julho, dia da “independência” da Colômbia. O protesto rechaçou a falsa independência do país, afirmando que ainda são subjugados pelo imperialismo ianque. Durante a manifestação, que durou um dia inteiro, a juventude revolucionária queimou bandeiras do Estados Unidos (USA) e realizou diversas pichações de cunho internacionalista.

Os manifestantes entoavam palavras de ordem como Não queremos, não queremos ser uma colônia norte-americana, queremos sim, lutaremos juntos, por uma Colômbia livre e soberana!; Fora ianques, da Palestina, Iraque, Venezuela e de todo o mundo! e Somos estudantes, não somos pacifistas, viva a luta anti-imperialista!

O jornal revolucionário colombiano, o El Comunero, afirma que o protesto da juventude combativa foi realizado paralelamente a um protesto convocado pelo oportunismo, sendo que esse teve muitos poucos participantes. 

“A mobilização foi exitosa, apesar de o Comitê Nacional de Greve [CNP, na sigla original] não ter convocado uma marcha e sim um show no setor Parques del Río, no centro da cidade (o mesmo se fez em outras cidades). Além disso, apesar de o Estado e os meios de comunicação monopolistas terem realizado uma campanha terrorista preventiva (ameaças de despejo no campo do Parque da Resistência, toque de recolher noturno, estigmatização dos protestos afirmando que são organizados pelo ELN [Exército de Libertação Nacional], etc.) para que o as massas evitassem sair às ruas”, afirma o jornal.

A grande manifestação da juventude combativa começou às 11 horas da manhã, no Parque da Resistência (rebatizado assim pelos manifestantes), e seguiu ao centro da cidade, onde as forças oportunistas organizavam seu passeio. A marcha foi acompanhada por uma enorme força policial, que espreitava a mínima chance de reprimir a ferro e fogo os jovens.

Após três horas do início, a marcha popular chegou ao local onde acontecia a manifestação organizada pelo CNP e outras forças oportunistas. As massas começaram a entoar palavras de ordem contra os oportunistas e foram reprimidas pela polícia. 

A “festa” que ocorria no centro da cidade teve de ser cancelada pelos duros embates que aconteceram entre os jovens rebelados e a polícia.

Mesmo assim, a multidão continuou seu justo protesto, voltando ao Parque da Resistência. No caminho, foram pichadas palavras de ordem em apoio aos quatro camponeses presos políticos em Rondônia.

Ainda foram vistas pichações com as palavras de ordem: Despertar a fúria revolucionária da mulher!, Apenas a revolução agrária dará terra aos camponeses pobres! Terra para quem nela trabalha!e Levantar o campesinato para a Revolução Agrária!

Além disso, em determinado momento da manifestação, quando os manifestantes passavam por uma passarela, foi pendurado um boneco representando um agente do Esquadrão Móvel Anti-motim pelo pescoço e queimando-o. Foram denunciadas, também, as prisões de dois jovens manifestantes em Medellín nos protestos recentes.

A manifestação seguiu até as 23 horas, terminando no bairro Morávia.

Segue, aqui, as imagens do protesto:

Juventude combatente queima bandeira ianque.
Manifestação massiva no dia 20 de julho.
Massas enfrentam a polícia.
tivista cola cartaz escrito O comitê de greve não nos representa! A greve é dos de baixo, e não sairemos das ruas!
Movimento Estudantil

AS RUAS SÃO DAS MASSAS, E NÃO DE MEIA DÚZIA DE OPORTUNISTAS!

por MEPR
Publicado em julho 26, 2021
3 minutos de leitura

Nota do MEPR-RJ sobre as manifestações de 24 de julho

Nós, do Movimento Estudantil Popular Revolucionário – MEPR, viemos através desta nota denunciar as ações dos partidos eleitoreiros que compõem a organização das manifestações, que em seus acordos policialescos e traidores impulsionam a criminalização dos blocos combativos. Na verdade, não nos surpreende a ata “vazada” sobre a reunião daquelas organizações com a Polícia Militar de São Paulo, em que  tramaram da forma mais covarde a repressão à juventude e movimentos independentes. Conhecemos de longa data a prática capituladora e até delatora destes falsos socialistas contra todos os que não se curvam aos seus acordões de cúpula, nem se adequam às suas “frentes eleitoreiras” condenadas ao lixo da história.

Embora repudiemos que pessoas usem a bandeira vermelha da luta popular revolucionária para iludir a juventude, enquanto são adeptos de fato da “via capitalista” e da adaptação à ordem reacionária, entendemos a sua lógica: estes oportunistas temem, tanto quanto a polícia, as forças armadas reacionárias e os governantes de turno, que se repita um novo junho de 2013, quando sua podre capitulação foi expulsa das ruas pela juventude combatente. Ocorre que a sua persistência em práticas traidoras não deixará de produzir, no futuro próximo, os mesmos resultados. Nós, do Movimento Estudantil Popular Revolucionário, ao contrário deles, estamos e estaremos sempre ao lado da juventude e dos trabalhadores contra a reação. Nunca, jamais e sob hipótese alguma aceitaremos negociar os rumos e trajetos de atos populares com os seus algozes. Não à toa, enquanto PT, PSOL, PCBrasileiro e outros se reuniam com o comando da PM de Doria – os assassinos de Paraisópolis – nós tivemos nossa bandeira apreendida e exibida como “troféu” por esta mesma corporação genocida. Este ataque, vindo da onde vem, é para nós elogio, e sinal de que estamos no caminho certo.

Fazemos uma sugestão: por que estes pelegos não trocam de uma vez a bandeira vermelha do socialismo pelo verde e amarelo da Monarquia? Isto seria mais compatível com a sua prática, com a vantagem de não enganar mais ninguém.

No Rio de Janeiro, também ficou explícita a “Santa Aliança” destes “revolucionários de Youtube” com a Polícia Militar: durante a manifestação, a direção da UJC (União da Juventude Capituladora), formou um cordão de bloqueio impedindo a passagem de um grupo do chamado “Bloco Autônomo”, no que foi auxiliada pela Polícia, que se aproveitou do fato para invadir a manifestação e agredir ativistas, apenas entre os independentes, claro. Que vergonha! Ainda que nós do MEPR tenhamos discordâncias ideológicas com organizações do chamado “Bloco Autônomo”, temos como princípio jamais entregar qualquer lutador nas mãos dos aparatos de repressão, nem fazer frente comum com estes, sob nenhum aspecto. Entendemos que, muito maior, e irreconciliável, é o abismo que nos separa do velho Estado reacionário e todos os seus aparatos de repressão e morte.

De fato, temos perante nós uma nova modalidade de “socialismo”, que se soma aos outros socialismos não-proletários de que falam Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista: o socialismo policial dos dirigentes da UJC e seus apaniguados. Uma vez kruschevista, sempre kruschevista!

Na verdade, estes oportunistas depositam suas últimas fichas de sobrevivência como sócios minoritários da falsa democracia burguesa-latifundiária, serviçal do imperialismo, na eleição do pelego-mor Lula em 2022, em “unidade” com Renan Calheiros, Jader Barbalho e outros. Por isso, tremem diante de qualquer possibilidade de luta radicalizada das massas. Trocam o direito do povo à revolução por minguadas migalhas, farelos que recebem pelo seu papel de serviçais da reação, como eternos bombeiros da luta de classes. Assim, estes politiqueiros fracassados preferem se ajoelhar diante dos mesmos policiais que entram nas favelas, periferias e massacram a juventude preta e pobre do País, e reprimem os camponeses em luta pela terra, na vã esperança de negociarem os rumos da insatisfação das massas populares. Entre a luta combativa e os aparatos assassinos da reação, não titubeiam: alinham-se do lado destes, em defesa da “ordem pública” e da “paz social”.

Afinal de contas, quem tem medo da rebelião popular? O Governo Militar Genocida de Bolsonaro, suas hordas paramilitares, e todos aqueles que se sentaram junto com o 11º BPM de São Paulo para negociar os termos da manifestação e delatar as organizações combativas. Não aceitaremos essa postura de criminalização que tem se repetido em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e outras cidades. Estes pseudo-socialistas, “social-carcereiros”, como falava o grande Lenin, já estão derrotados: não pode ser outro o destino de quem troca a bandeira vermelha da luta revolucionária pela bandeira branca da conciliação de classes.

PM de São Paulo posta foto com matérias de propaganda do MEPR e UV-LJR apreendidos na manifestação.

VIVA A JUVENTUDE COMBATENTE!

ABAIXO O OPORTUNISMO E A CONCILIAÇÃO DE CLASSES!

LUTAR NÃO É CRIME!

REBELAR-SE É JUSTO!

Movimento Estudantil Popular Revolucionário – MEPR/RJ, 26 de julho de 2021.

Movimento Estudantil

Brasil: um futebol semicolonial em um país semicolonial.

por MEPR
Publicado em julho 26, 2021
6 minutos de leitura

Texto retirado do Jornal A Nova Democracia, publicado em 15/09/2019, escrito por: Maxuel Chaves.

Foto: Irlan Simões/Caros Amigos

O Brasil, até hoje, não pôde ser o país da soberania, nem do desenvolvimento; restou-lhe, por um tempo, ser o país do futebol. Mas mesmo esse último suspiro do orgulho nacional foi destruído. O aspecto central de toda nação é o seu povo, é ele quem confere paixão a qualquer elemento cultural de um país. O futebol brasileiro, desde que se popularizou imensamente, encantou o mundo com seu caráter popular de dimensões religiosas: estádios lotados de operários, ambulantes e até pedintes, muitos fantasiados com as cores do time de coração. Em campo, filhos de operários, intelectuais, e toda sorte de craques inigualáveis que expressavam o espírito e o rosto do povo brasileiro: gênios de origens humildes e mestiças. Um futebol que dava gosto de assistir, com jogadas bem armadas, velocidade, dribles e passes precisos. O povo brasileiro aparentava se conectar ao futebol de maneira tão espontânea que a cada passo dado para torná-lo um esporte verdadeiramente nacional e popular, os capatazes endinheirados das direções esportivas, os especuladores e políticos faziam de tudo para torná-lo o que é hoje: um esporte de baixíssima qualidade, com todos os seus craques jogando em clubes europeus e com uma crescente rejeição entre o povo.

Culpe, meu amigo, o governo e a máfia do futebol brasileiro, ambos mais vendidos que bijuteria, que sempre entregaram o futebol nacional de bandeja para os abutres que são os grandes investidores estrangeiros. Os políticos do Estado brasileiro, ao longo das décadas, têm mantido relações promíscuas com os magnatas do esporte, para receber financiamento de campanha e fazer demagogia populista com as massas. Nos anos 60, começava a se destacar no cenário do futebol o cartola João Havelange, filho de latifundiário e comerciante de armas belga. Havelange, à época, dirigia a CBD, antiga Confederação Brasileira de Desportos, que gerenciava todos os esportes nacionais. Como bom lambe botas que era, apoiou politicamente o regime militar genocida, momento em que a seleção brasileira chegou até mesmo a propagandear slogans dos generais. Bajulado por vários setores da imprensa como globalizador e homem de pulso firme, a verdade é que Havelange acelerou o processo de colonização do futebol brasileiro. Após a seleção conquistar sua terceira Copa do Mundo, Havelange foi indicado à presidência da FIFA, conseguindo o cargo em 1974 através de compra de votos e diversas articulações obscuras. Foi com Havelange que a FIFA se consagrou como o feudo-mor do futebol, grande lavanderia de dinheiro financiada por multinacionais como a Adidas e a Coca-Cola e com poderes de mandar e desmandar nos campeonatos do mundo inteiro.

As reformas que João Havelange fez na FIFA foram um aceno para que o capital monopolista transformasse a bola em negócio dos grandes. Melhor para os europeus que, além de terem bastante presente em sua cultura esportiva o futebol, têm bastante presente em sua economia o capital monopolista extraído do resto do mundo. Pior para os clubes latino-americanos que, apesar de terem contribuído ao futebol com Pelés, Garrinchas e Maradonas, jamais teriam condições econômicas de manter o alto nível do seu futebol competindo com o mercado europeu. E é o que ocorre. Não é coincidência que a ascensão da FIFA ocorreu quase simultaneamente à ascensão dos campeonatos europeus e consequente decadência do futebol latino-americano.

O antigo Maracanã, local de festa do povo e um templo do futebol mundial. Foto: Banco de dados/AND

Com todo o mundo do patrocínio e das maiores transmissoras de televisão investindo na FIFA e nas ligas europeias, logo os melhores jogadores brasileiros passaram a cobiçar a Europa e a serem também cobiçados por ela. Para aprofundar o vira-latismo, em 1998 foi aprovada a lei Pelé, idealizada pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), filial da FIFA no Brasil. A Lei Pelé tirou dos clubes brasileiros o direito sobre a transferência de seus jogadores e deu amplos poderes aos empresários. Os jogadores deixaram de pertencer aos clubes para pertencer a empresários que, na primeira oportunidade de lucrar, fazem os jogadores rescindirem seus contratos com os clubes nacionais para transferi-los ao futebol europeu. Os europeus adquirem esses jogadores a preço de banana dos clubes nacionais, já que o futebol brasileiro não tem relevância para valoriza-los, e depois os revendem a preços exorbitantes. O Santos, por exemplo, lucrou 17,5 milhões de euros vendendo Neymar ao Barcelona; anos depois, o Barcelona o revendeu ao PSG por 222 milhões de euros.

Outro exemplo que expressa a profunda marca da semicolonialidade no nosso futebol foi a emblemática saída de Ronaldinho Gaúcho do Grêmio em 2001, quando o clube movia vãos esforços para mantê-lo, chegando até mesmo a por uma faixa no Estádio Olímpico Monumental com os dizeres “Não vendemos craques. Por favor, não insista.” Em frente às câmeras, Ronaldinho mantinha as aparências e falava sobre sua vontade de ficar no Brasil; nos bastidores, já havia assinado contrato parar partir para o França. Nos anos 2000, o futebol brasileiro assistiu a um verdadeiro apagão de craques. Exímios zagueiros, volantes, centroavantes e finalizadores trocavam Flamengo, Corinthians, Cruzeiro, Internacional e outros por Barcelona, Real Madrid, Manchester United e toda variedade de camisas espanholas, inglesas, francesas e italianas. Para se ter uma ideia, na seleção tricampeã mundial de 1970, todos os vinte convocados jogavam em clubes brasileiros; já entre os convocados para a última Copa do Mundo de 2018, 19 jogadores estavam em grandes clubes europeus e apenas três ainda estavam em território nacional.

A elite do futebol brasileiro tornou-se vitrine para o mercado europeu. Quando um jogador se destaca, começam as especulações de agentes europeus. Se for decisivo em jogos importantes, já carimbou seu passaporte para a Europa. Se consegue se adaptar ao futebol europeu, só volta ao Brasil no fim de carreira, pra endividar os clubes nacionais com salários exorbitantes e se aposentar. Os jogadores de futebol, ao se tornarem mercadoria, seguiram a mesma lógica da divisão internacional do trabalho: as semicolônias vendem seus melhores produtos às nações desenvolvidas, desabastecem o mercado interno e depois compram de volta os produtos super valorizados por preços altos e com pouca vida útil.

O revolucionário argentino Che Guevara recebe o tradicional time do Madureira (RJ) em Cuba, 1963. Foto: Banco de dados/AND

O resultado nós conhecemos. Se nos anos 60 não havia um clássico na Europa que superasse a técnica e a magia de um jogo entre o Santos de Pelé e o Botafogo de Garrincha, hoje um jogo do Brasileirão tem menos técnica que a segunda divisão do campeonato inglês, com muitos passes errados e pouquíssima movimentação e velocidade. Muitos brasileiros já não vestem as cores dos times nacionais, preferem blusas do Barcelona ou do Real Madrid. Clubes de tradição popular estão prestes a sumir do mapa, como é o caso da Portuguesa com uma dívida de 354 milhões de reais. Outros lutam para permanecer na elite do futebol, como é o caso de Vasco e Botafogo, hoje patrocinados por empresas de médio porte. Com o poder de compra da população caindo, os ingressos aumentando e a pouca atratividade do futebol, os estádios vão progressivamente esvaziando. Nos jogos importantes é cada vez mais difícil encontrar torcedores de origens periféricas, principalmente após as reformas Padrão FIFA feitas nos governos PT, que extinguiram os setores populares das arquibancadas.

Não cabe, entretanto, lamentar nostalgicamente o desgaste do futebol e nem de qualquer outro símbolo nacional. O Brasil não pode ser a pátria de chuteiras enquanto seu povo andar descalço. A decadência do futebol brasileiro é apenas uma particularidade dentro da decadência geral desta semicolônia e todas suas instituições. Mostra que as classes dominantes são tão fajutas que não foram capazes nem de fazer a manutenção daquilo que muitas vezes é a válvula de escape para todas as frustrações que o povo sente. O processo de mercantilização do futebol brasileiro, que se adequa cada vez mais aos Padrões FIFA, é profundamente odiado por amplos setores dos torcedores de todo o Brasil, que apelidaram este futebol que aí está de “futebol moderno”, em contraste ao futebol verdadeiramente popular e nacional.

Já está na boca do povo que o futebol oficial é vendido e dirigido por corruptos. Mas queiram os magnatas ou não, o povo sempre cobra caro daqueles que banalizam seus símbolos, o que tem sido provado com o aumento de torcidas de caráter democrático e antifascista pelo país, que entendem que o futebol não se encerra em si mesmo e que é impossível defender a valorização do esporte nacional dentro dessa lógica vendida e colonial, responsável por prostituir toda forma de expressão da cultura popular. Rejeitar esse velho futebol em nome de um novo futebol, de fato nacional, democrático e de qualidade; rejeitar essa velha lógica semicolonial em nome de uma nova ordem, verdadeiramente nacional, popular e democrática, é a tarefa que cabe a todos nós.

Movimento Estudantil

Em julgamento farsante Juíza nega liberdade aos 4 presos políticos do Manoel Ribeiro.

por MEPR
Publicado em julho 23, 2021
6 minutos de leitura

Reproduziremos a nota escrita pela LCP de Rondônia e Amazônia Ocidental, publicado em 4 de julho de 2021 no site – resistenciacamponesa.com –

Em audiência contra Ezequiel, Luis Carlos, Estefane e Ricardo, presos políticos do Acampamento Manoel Ribeiro, ocorrida no último dia 29 de junho em Vilhena, cone sul do estado de Rondônia, foi novo capítulo da criminalização da luta pela terra combativa, especialmente da nossa honrada organização, LCP – Liga dos Camponeses Pobres.

Em mais uma farsa do judiciário, desde o início da audiência a juíza Lilian Pegoraro Bilharva não escondia sua parcialidade descarada a favor do latifúndio ladrão de terras da União. No que depender da juíza o veredito já está pronto e os camponeses acusados injustamente já estão previamente condenados a crimes que não cometeram. Para a juíza não importa a verdade dos fatos, as provas e evidências, ela busca com o julgamento farsante justificar o objetivo há muito definido pelo latifúndio e o velho Estado que é punir exemplarmente os acampados da área Manoel Ribeiro, não por supostos crimes que tenham cometido, mas por simplesmente ousarem lutar pelo direito a terra para quem nela trabalha.

A audiência foi virtual, e a juíza proibiu a participação de dezenas de representantes de inúmeras organizações democráticas, de estudantes e professores, apesar da legislação brasileira determinar que os julgamentos sejam públicos. Com isso buscou restringir ao máximo que se tornasse pública a farsa em curso. Depois de muita insistência apenas um número limitado de pessoas e organizações conseguiram assistir a audiência.

Em outra artimanha, vídeos gravados pelas câmeras das viaturas e pelo drone da polícia militar na operação ilegal que resultou na prisão dos acampados, no último dia 14 de maio e que foram solicitados pela defesa, só foram anexadas poucas horas antes do julgamento, cerceando os advogados de defesa de explorarem-nas a favor dos camponeses, pois sequer tiveram tempo de assistirem-nas antes da audiência.

As gravações desmontam a farsa dos policiais, suas mentiras de que foram emboscados e atacados pelos camponeses, inclusive com disparo de arma de fogo. A gravação do drone mostra claramente que não houve nenhum confronto, quando viram as viaturas chegando os camponeses apenas soltaram fogos de artifício a longa distância e se retiraram, ninguém atirou na polícia. Os vídeos das câmeras das viaturas comprovam que os trabalhadores não quebraram estes aparelhos nem as viaturas, estes se danificaram devido a invasão brusca ao pasto cometida pela própria polícia.

As testemunhas de acusação eram todas policiais, que como sempre, mentiram muito e apresentaram versões contraditórias. Também testemunhou o próprio gerente da fazenda Ipiranga, latifúndio vizinho à área Manoel Ribeiro. Como bom empregado do latifúndio ele criminalizou a LCP e a luta camponesa o tempo todo, mas foi obrigado a afirmar que não viu quem cortou a cerca da fazenda Ipiranga, que não viu nenhuma arma com os camponeses, nem ouviu disparo algum.

Durante todo julgamento, o promotor fez perguntas defendendo o latifúndio assassino de indígenas, camponeses e ladrão de terras da União, ao lado de criminalizar os camponeses e a LCP.

Todos presos políticos e testemunhas acampadas ou que conheceram o acampamento responderam em uníssono que no acampamento não havia líder, tudo era decidido em Assembleias Populares, pelo povo, pela maioria. As testemunhas de defesa também confirmaram que era proibida a entrada de drogas e bebidas alcoólicas no acampamento e que os camponeses dispunham apenas de estilingues, pedras, bombinhas, escudos de madeira e foguetes. O promotor insistiu muito em saber sobre as bandeiras da LCP, quem as levava para o acampamento, como se isso fosse algum crime. De forma simples e segura todos depoentes disseram que os próprios acampados as fabricavam dentro do acampamento.

A presa política Estefane confirmou o mesmo, e o promotor insistiu, de forma insidiosa “Se não tem direção do movimento, como fazem as bandeiras?” e a lutadora respondeu o óbvio: “Com pano, pincel e tinta.”, fato que despertou a ira do acusador, que passou a gritar ensandecido: “Não sou burro! Você está me afrontando!”. Todo o tempo, o promotor foi agressivo com a presa política e foi ajudado pela juíza na acusação de que ela era liderança da LCP, por ser “esclarecida”.

Camponeses confeccionam bandeiras da Liga dos Camponeses Pobres (LCP)

A verdade é que a Liga não consegue terra e nem nada para o povo, a LCP é o povo camponês organizado na luta combativa e independente contra a opressão e exploração imposta pelos parasitas da Nação. Quem consegue a terra são as massas organizadas na luta consciente dispostas, como secularmente tem lutado, a empregar todos os meios necessários para conquistá-la.

Os representantes do velho Estado não conseguem esconder sua subestimação do povo, especialmente dos camponeses pobres, muito menos seu ódio contra a luta popular e democrática.

Da parte dos camponeses lutadores e de sua defesa, com a seriedade e firmeza dos justos, afirmaram a verdade, desmascararam a farsa da polícia e defenderam a justa e sagrada luta camponesa.

Ao final da audiência foi pedido pela defesa a revogação das prisões preventivas. Em manifestação do promotor de justiça, João Paulo Lopes, escreveu que “a área em questão ainda respira ares de insegurança e intranquilidade” e que “a liberdade dos requerentes certamente estimulará novas invasões, potencializando o risco de conflitos armados” e por isso deveriam manter a “prisões dos acusados, visto que ainda essenciais para garantir a ordem pública”. E como se poderia prever, a juíza anti-povo e anti-camponês, defensora do latifúndio ladrão de terra da União, negou a libertação dos presos, apesar de não haver nada que justifique tal prisão, e desconsiderando as provas juntadas no processo e as inúmeras ilegalidades e crimes cometidos pela polícia e o velho Estado.

Mais crimes contra o povo: testemunha é perseguida,
presos sofrem torturas e maus-tratos

Um dia após a audiência a polícia começou a caçar uma das testemunhas de defesa acusando-a de ser líder da LCP. Este ataque contou com a participação da juíza que ao final do julgamento tentou conseguir fotos de todas testemunhas.

Durante seu depoimento, a presa política Estefane denunciou que no presídio feminino falta comida e material de limpeza e que as presas não menstruam. Algumas companheiras de cela da lutadora estão há um ano sem menstruação, provavelmente por alguma substância acrescentada criminosamente na água ou comida das detentas, sendo imprevisíveis seus malefícios, o pior deles a esterilização forçada. A juíza tentou justificar o fato gravíssimo com o escárnio: “Deve ser psicológico.”

Os presos políticos Ricardo e Luis Carlos também denunciaram que foram espancados no ato da prisão com chutes na barriga, além das torturas já relatadas que sofreram na sede da fazenda.

Judiciário a serviço do latifúndio

A juíza Lilian Pegoraro Bilharva é velha conhecida por suas sentenças favoráveis a ricos latifundiários e severas contra pequenos camponeses. Um caso simbólico é o do latifundiário e empresário dono de postos de combustível Ilário Bodanese, que se diz dono do latifúndio Rio Branco, onde por diversas vezes foram apreendidos arsenais e foram presos bandos armados a soldo de Ilário Bodanese. A magistrada absolveu por “falta de provas” o ricaço, que também está envolvido em ameaças e perseguições contra lideranças camponesas e duas tentativas de assassinato de posseiros na região de Chupinguaia. Todos crimes foram fartamente documentados e são de conhecimento público.

Por outro lado, em 2013 a mesma juíza condenou 18 pequenos posseiros por “terrorismo” e formação de quadrilha por ferirem um pistoleiro, quando se defendiam de um ataque ao retornarem para suas casas com suas famílias, numa região de forte atuação do latifúndio. Ela chegou a condenar 2 camponeses a 10 anos e 6 meses de prisão cada um.

E agora, neste processo contra os 4 presos políticos do acampamento Manoel Ribeiro, o judiciário de Vilhena se soma à repressão contra a LCP e os camponeses, movida pelo governador coronel pm Marcos Rocha, marionete de latifundiários e pau mandado de Bolsonaro.

Liberdade imediata para os companheiros Ezequiel, Luis Carlos, Estefane e Ricardo!

Abaixo a criminalização da luta pela terra! Fim das perseguições, prisões e processos!

Abaixo o governo militar genocida de Bolsonaro!

Conquistar a terra, destruir o latifúndio!

Viva a Revolução Agrária! Terra para quem nela trabalha!

LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental

03 de julho de 2021

Movimento Estudantil

Editorial semanal – Fundão do poço

por MEPR
Publicado em julho 21, 2021
3 minutos de leitura

Reproduziremos a seguir o editorial semanal do jornal A Nova Democracia.

Quando a vanguarda do atraso nos convida a dar as mãos às famílias centenárias que se perpetuam na política nacional com seu tom semifeudal, só podemos respondê-los com a denúncia e o escárnio. Foto: Banco de Dados AND.

A aprovação pelo Congresso Nacional, no último dia 15, da Lei de Diretrizes Orçamentárias, escancara a que ponto chegou o abismo que separa “Suas Excelências” dos interesses da maioria da população. Enquanto o salário mínimo de fome passará, em 2022, dos atuais R$ 1.100 para R$ 1.147 (aumento de 4,3%), o chamado Fundão Eleitoral saltará de R$ 2 bi para R$ 5,7 bi (aumento de 285%). Isto, num contexto em que se prevê um déficit público na ordem de R$ 177,5 bi, eterna justificativa para o corte e contingenciamento de verbas em áreas sensíveis como Saúde, Previdência Social e Educação. Eis a grande corrupção que se pratica no Brasil: a institucionalizada, seja qual seja o governo de turno. Aos grandes burgueses e latifundiários, tudo; às massas trabalhadoras, migalhas.

Já se vê, a respeito, dois tipos de reação entre os articulistas nos monopólios de imprensa: uma, que grita contra a “imoralidade”, o “desperdício de dinheiro público”, e reclama de fato que a sangria de recursos da nação seja levada ao máximo em nome da sacrossanta “responsabilidade fiscal”; outra, que diz que “este é o preço da democracia”, que não se pode “demonizar a política”, como se uma democracia autêntica pudesse frutificar em país de famintos e miseráveis, com níveis de concentração de terras e de renda sem par no mundo. Uma abordagem é a do moralista pequeno-burguês, que se ruboriza perante pequenos subornos, mas nada tem a se opor ao grande saqueio legalizado dos trabalhadores e da Nação na base deste podre capitalismo burocrático; outra é a do oligarca supostamente esclarecido que chama de “instituições democráticas” este velho patriarcalismo assentado em cinco séculos de latifúndio, servidão e escravidão, cujas leis são meras formas vazias de conteúdo, infensas a qualquer manifestação popular.

Basta, aliás, que as massas se levantem em defesa dos seus direitos, para que o moralista pequeno-burguês e o pragmático senhorial se deem as mãos, e apelem ambos ao verdadeiro esteio do Estado brasileiro: as Forças Armadas, policiais e toda a burocracia reacionária, presentes em todas as contrarrevoluções, óbices a qualquer mudança estrutural de nossa sociedade. Estas estruturas não obedecem a alternâncias eleitorais, mas, pelo contrário, se conservam intactas ao longo dos séculos, independentemente da forma de governo ou do partido vitorioso da vez. Em particular, desde a dita redemocratização, todos os candidatos eleitos falaram em “mudança”, em inaugurar uma “nova política”, para logo se amoldarem mansamente ao ciclo terrível e vicioso. Por isso, o descrédito de que são alvo todas as “instituições democráticas”, sem exceção: segundo recente pesquisa do DataFolha, publicada no último dia 12/07, 38% da população avalia o Congresso como ruim ou péssimo, e 33% têm a mesma percepção acerca do Supremo.

Agora, quando falsos socialistas e oportunistas de todos os matizes convidam os democratas e as massas a refazer este ciclo uma vez mais, a dar uma demão de tinta na velha construção colonial, fazendo apenas um pouco mais compatível com o século XXI a sua fachada caiada, quando a vanguarda do atraso nos convida a dar as mãos às famílias centenárias que se perpetuam na política nacional com seu tom semifeudal, só podemos respondê-los com a denúncia e o escárnio. Foi justamente essa eterna solução negociada que nos trouxe ao fundão do poço. O descrédito e o repúdio das massas aos respeitáveis senhores de colarinho não é atraso ou despolitização, mas um passo à frente do seu embrião rumo à consciência de classe; a percepção de que há maior distância entre os seus interesses e as superestruturas pseudo-republicanas que entre o céu e a terra. Uma única vidraça de banco quebrada é suficiente para despertar nos acalorados “liberais” os pedidos mais histéricos de cadeia e pancada. Imaginem o que despertará a exigência prática de uma autêntica revolução democrática. Para nossa sorte, esta, sendo efetiva, não precisa de autorização: impõe-se com a força de uma necessidade.

Prévia 1 … 15 16 17 18 19 … 21 Próximo

As mais lidas

Internacional: Defender os cinco de Durham (RSU)!

Campanha nacional em defesa da Revolução Agrária [Atualizado 06/05]

Iniciando a semana

Sobre a Organização

Somente um novo movimento estudantil, popular e revolucionário pode impulsionar as massas estudantis para servir ao povo, servir aos interesses de nosso país e à humanidade, através do único caminho possível: o de mobilizar-se para a revolução, pela transformação completa de nossa sociedade, pela destruição de todo este sistema apodrecido, de exploração, miséria e opressão e pela construção de um novo poder de nova democracia que marche ininterruptamente para So socialismo, o poder das massas populares, baseado na aliança da classe operária com os camponeses pobres.

Liga Anti-Imperialista

O MEPR é uma das organizações de todo o mundo que é parte ativa do processo de construção da Liga Anti-Imperialista (LAI).

receba as matérias

CONTATO

Sempre quando sair um novo documento, iremos enviar para o seu email.

Mao-tsetung

Categorias

  • Cultura Popular10
  • Internacional7
  • JEP10
  • Movimento Estudantil152
  • Nacional20
  • Teoria20
  • Teses16

Mais Lidas

Tese – Dois Caminhos no Movimento Estudantil

24 minutos de leitura
Quadro de Stalin

Realismo Socialista: A Revolução de Outubro nas Artes

5 minutos de leitura

110 anos da comunista Frida Kahlo

2 minutos de leitura
KAHLO - O marxismo dará saúde aos enfermos

Por quê o imperialismo estampa Che Guevara em camisetas e Frida Kahlo em maiôs de praia?

1 minuto de leitura
Placeholder Photo

Drogas: Por quê somos contra?

3 minutos de leitura

A fortaleza literária de “Assim foi temperado o aço”

61 minutos de leitura
facebook-lixo

FACEBOOK: dominação ideológica do imperialismo e instrumento de sua espionagem!

9 minutos de leitura

Cantos de Trabalho e Resistência Camponesa

5 minutos de leitura

Viva a gloriosa guerrilha do araguaia!

Osvaldão
Helenira Resende
Dina Oliveira
Maurício Grabois
Pedro Pomar
Telma Corrêa
  • Sobre
  • Nacional
  • Internacional
  • Movimento Estudantil
  • Cultura Popular
  • Teses
    • Tese – Dois Caminhos no Movimento Estudantil
    • Tese – A Universidade Latinoamericana e as Históricas Bandeiras do Movimento Estudantil
    • Tese – O caráter revolucionário e nacional da ciência e da técnica em nosso país
    • Tese – Derrubemos os Muros da Universidade
  • Teoria
  • Contato